19.04.2013 Views

O jogo da enunciação em sala de aula e a formação de sujeitos ...

O jogo da enunciação em sala de aula e a formação de sujeitos ...

O jogo da enunciação em sala de aula e a formação de sujeitos ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

tomado como foco <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma discussão mais abrangente que é a do fracasso escolar.<br />

Pesquisas como as <strong>de</strong> Patto (1996), Kramer, Leite et al (1997) e outros, <strong>em</strong>penharam-se <strong>em</strong><br />

<strong>de</strong>svelar as situações <strong>de</strong> preconceitos e a reprodução <strong>da</strong>s <strong>de</strong>sigual<strong>da</strong><strong>de</strong>s sociais no cotidiano<br />

escolar, <strong>de</strong>tectando a ocorrência <strong>de</strong> um processo complexo <strong>de</strong> enfraquecimento originado no<br />

seio sócio-cultural no qual o aluno está inserido; e que prossegue se perpetuando através <strong>de</strong><br />

discursos ora cientificistas e <strong>de</strong> práticas <strong>de</strong> intervenção longe <strong>de</strong> ser<strong>em</strong> pe<strong>da</strong>gógicas. Da<br />

mesma forma, a aquisição <strong>da</strong> linguag<strong>em</strong> escrita e possíveis distúrbios <strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong> <strong>de</strong>sta,<br />

vêm sendo assuntos instigantes e intrigantes ao mesmo t<strong>em</strong>po. Aceita-se cientificamente que<br />

o potencial individual po<strong>de</strong> ser comprometido por questões <strong>de</strong> ord<strong>em</strong> “bio-psico-sócio-<br />

conjuntural-cultural” (GATTI, 2006). A criança e/ou sua família são responsabiliza<strong>da</strong>s, na<br />

maioria <strong>da</strong>s vezes, pela não-aprendizag<strong>em</strong>. Da mesma forma, há os que apontam o professor<br />

como o culpado pelo fracasso do aluno; e a escola reconheci<strong>da</strong> como estigmatizadora e<br />

criadora do estereótipo do aluno marginalizado, incapaz <strong>de</strong> a<strong>de</strong>quação e competência<br />

(TEIXEIRA, 1992).<br />

A escola cumpre um papel institucional <strong>de</strong> reprodutora social e qualquer mu<strong>da</strong>nça que<br />

vá <strong>de</strong> encontro a certas regras estabeleci<strong>da</strong>s histórica e culturalmente, que abale o ‘status<br />

quo’, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá <strong>de</strong> um pensar e <strong>de</strong> um fazer coletivamente. A ponte entre teoria e prática não<br />

po<strong>de</strong> ser fixa; exige práxis, que não admite caminhos cristalizados e nos imputa muitas vezes<br />

a tarefa <strong>de</strong> romper com velhas estruturas, <strong>de</strong>sconstruindo caminhos fixos que nos imped<strong>em</strong> <strong>de</strong><br />

alçar vôos, vislumbrar novos horizontes.<br />

Os probl<strong>em</strong>as educacionais brasileiros são <strong>de</strong> natureza multifacetária. Alternativas<br />

possíveis <strong>de</strong> ação para solucionar os reais probl<strong>em</strong>as educacionais somente po<strong>de</strong>rão ser<br />

eficientes se consi<strong>de</strong>rar<strong>em</strong> to<strong>da</strong> a complexi<strong>da</strong><strong>de</strong> que lhes é circun<strong>da</strong>nte.<br />

Muitas pesquisas <strong>em</strong> Ciências Humanas <strong>da</strong> atuali<strong>da</strong><strong>de</strong> vêm sendo realiza<strong>da</strong>s a partir <strong>de</strong><br />

abor<strong>da</strong>gens que cont<strong>em</strong>plam a complexi<strong>da</strong><strong>de</strong> na qual os processos educacionais estão<br />

envolvidos, e a tendência “<strong>de</strong> isolar as variáveis mais significativas para a interpretação do<br />

<strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho escolar parece ca<strong>da</strong> vez mais distante”, como sinaliza Brandão (2002, p. 128).<br />

Assim, tanto as pesquisas <strong>de</strong> abor<strong>da</strong>g<strong>em</strong> macrossocial quanto aquelas <strong>de</strong> viés microssocial<br />

vêm revelando o “caráter relacional do mundo social” 56 , o que torna a discussão mais<br />

amadureci<strong>da</strong> cientificamente a respeito do caráter exclu<strong>de</strong>nte e reprodutor <strong>da</strong>s relações sociais<br />

injustas e antid<strong>em</strong>ocráticas <strong>da</strong> escola; o que permite avançar além <strong>da</strong>s perspectivas<br />

pessimistas ou salvacionistas a respeito <strong>de</strong>sta instituição social.<br />

56 Ibid.<br />

74

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!