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O jogo da enunciação em sala de aula e a formação de sujeitos ...

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o “objetivismo abstrato” 64 tal que permita a intercompreensão nos processos <strong>de</strong> interlocução:<br />

ações com a linguag<strong>em</strong> (linguísticas) e ações sobre a linguag<strong>em</strong> (epilinguísticas) por uma<br />

ação <strong>da</strong> linguag<strong>em</strong> (metalinguísticas).<br />

Ain<strong>da</strong> segundo Geraldi (1995), no primeiro movimento - o subjetivismo i<strong>de</strong>alista - o<br />

sujeito é tomado como produtor único dos sentidos. Os alunos i<strong>de</strong>ais são os exímios <strong>em</strong><br />

questões sintáticas e gramaticais. No segundo, o objetivismo abstrato, o sujeito é assujeitado a<br />

uma estrutura que não permite nenhuma brecha. Os alunos i<strong>de</strong>ais são os que representam e<br />

apresentam a “heg<strong>em</strong>onia discursiva <strong>de</strong> seu t<strong>em</strong>po” (GERALDI, 1995, p. 16).<br />

Os estudos <strong>de</strong> MILLER (2003) estão <strong>em</strong> consonância com os estudos até agora citados<br />

e revelam, mais uma vez, razões para justificar, por um lado, possíveis reflexos dos PCNs nas<br />

pesquisas sobre a Língua Portuguesa nos últimos <strong>de</strong>z anos e, por outro, os reflexos <strong>da</strong>s<br />

pesquisas na área <strong>da</strong> Lingüística com to<strong>da</strong>s as suas interfaces, na elaboração dos PCNs. A<br />

autora também <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> um processo <strong>de</strong> ensino <strong>da</strong> leitura e escrita capaz <strong>de</strong> levar os alunos a<br />

ação-reflexão-ação, que seriam as ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s epilinguísticas, necessárias “à compreensão do<br />

funcionamento <strong>da</strong> língua materna, tanto no plano oral como no escrito” (p. 70); soma<strong>da</strong>s às<br />

“linguísticas – <strong>de</strong> leitura e produção – e as metalinguísticas – <strong>de</strong> <strong>de</strong>scrição e categorização –<br />

formam o conjunto <strong>da</strong>s três principais ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s que <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser leva<strong>da</strong>s a efeito no ensino <strong>da</strong><br />

língua materna” (MILLER, 2003, p. 71).<br />

O professor <strong>da</strong> primeira fase do ensino fun<strong>da</strong>mental geralmente assume o trabalho<br />

didático-pe<strong>da</strong>gógico <strong>de</strong> to<strong>da</strong>s, ou quase to<strong>da</strong>s, as áreas disciplinares, aumentando muito, tanto<br />

o t<strong>em</strong>po que passa junto com um mesmo grupo <strong>de</strong> alunos, quanto às oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> criar<br />

vínculos fortes entre todos eles, inclusive com o próprio educador. Não <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>rando to<strong>da</strong><br />

a complexi<strong>da</strong><strong>de</strong> e peculiari<strong>da</strong><strong>de</strong>s que envolv<strong>em</strong> os processos educativos n<strong>em</strong> tampouco a<br />

reali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> maioria <strong>de</strong> nossas escolas, opto por <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r a heterogenei<strong>da</strong><strong>de</strong> como um<br />

caminho e ver nele um leque <strong>de</strong> possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s. A heterogenei<strong>da</strong><strong>de</strong> não traz receios ao<br />

professor que acolhe e valoriza a diferença. Há os que a rejeitam por i<strong>de</strong>ologia; outros por<br />

ignorância e, ain<strong>da</strong> outros, por medo. Esses últimos, talvez não tenham ain<strong>da</strong> conseguido<br />

fazer a experiência do acolhimento à diversi<strong>da</strong><strong>de</strong>. A forma como ele conduz o <strong>jogo</strong> <strong>da</strong><br />

<strong>enunciação</strong> na <strong>sala</strong> <strong>de</strong> <strong>aula</strong> é a medi<strong>da</strong> <strong>de</strong> sua competência profissional por excelência. E,<br />

64 Correntes filosóficas <strong>da</strong> linguag<strong>em</strong> cont<strong>em</strong>porâneas <strong>de</strong> Mikhail Bakhtin e <strong>de</strong> Lev Vigotski. Subjetivismo<br />

i<strong>de</strong>alista: concebe o ato <strong>da</strong> fala uma criação individual. O psiquismo individual constitui a fonte <strong>da</strong> língua.<br />

Trata <strong>da</strong>s finali<strong>da</strong><strong>de</strong>s práticas <strong>de</strong> aquisição <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>termina<strong>da</strong> língua. A língua é análoga às outras<br />

manifestações i<strong>de</strong>ológicas, particularmente a arte e a estética, produto acabado, sist<strong>em</strong>a estável (léxico,<br />

gramatical e fonética), instrumento pronto para ser usado. O Objetivismo Abstrato concebe o ato <strong>de</strong> fala como<br />

único e reiterável, mas <strong>em</strong> ca<strong>da</strong> <strong>enunciação</strong> estão presentes el<strong>em</strong>entos pertencentes a outras enunciações no<br />

âmbito <strong>de</strong> um <strong>de</strong>terminado grupo <strong>de</strong> locutores. Traços idênticos que garant<strong>em</strong> a unici<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>termina<strong>da</strong><br />

língua e sua compreensão por um <strong>de</strong>terminado grupo (BAKHTIN, 1992a; Vigotski, 1998).<br />

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