19.04.2013 Views

O jogo da enunciação em sala de aula e a formação de sujeitos ...

O jogo da enunciação em sala de aula e a formação de sujeitos ...

O jogo da enunciação em sala de aula e a formação de sujeitos ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

professora uma conversa com finali<strong>da</strong><strong>de</strong>. A entrevista foi longa e necessitamos <strong>de</strong> dois dias<br />

para realizá-la, com um intervalo entre as <strong>da</strong>tas. Apesar disso, não senti necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

refazer as perguntas que haviam sido pré-elabora<strong>da</strong>s como um roteiro. Usei a gravação <strong>em</strong><br />

áudio para <strong>de</strong>pois transcrever todo o teor <strong>da</strong> entrevista. Optei por fazê-la <strong>em</strong> minha própria<br />

residência, com duração total <strong>de</strong> aproxima<strong>da</strong>mente quatro horas <strong>de</strong> conversa sobre diferentes<br />

núcleos t<strong>em</strong>áticos relacionados explícita e implicitamente com o t<strong>em</strong>a <strong>da</strong> pesquisa.<br />

Entretanto, procurei não esquecer o quanto é complexo submeter as palavras alheias às<br />

próprias intenções e acentos, como argumenta Clot (2006), fazendo com zelo e cui<strong>da</strong>do o que<br />

Bakhtin <strong>de</strong>screveu como um processo <strong>em</strong> que as palavras alheias perd<strong>em</strong> as aspas, quando há<br />

a palavra pessoal e espaço para a criativi<strong>da</strong><strong>de</strong>. “As palavras do outro pod<strong>em</strong> se renovar<br />

criativamente nos novos contextos ou se tornar<strong>em</strong> “palavras-múmias” (BAKHTIN, 1992b, p.<br />

412) e congelar<strong>em</strong> o pensamento; l<strong>em</strong>brando s<strong>em</strong>pre também do que diz Castoriadis (1991),<br />

<strong>de</strong> que “não há nenhum sentido <strong>em</strong> interessar-se por uma criança, um doente, um grupo ou<br />

uma socie<strong>da</strong><strong>de</strong>, se não v<strong>em</strong>os neles, primeiro e antes <strong>de</strong> mais na<strong>da</strong>, a vi<strong>da</strong>” (p. 111).<br />

Além <strong>da</strong> entrevista com a professora, utilizei o método <strong>da</strong> observação participante para<br />

melhor compreen<strong>de</strong>r os comportamentos e atitu<strong>de</strong>s recorrentes dos <strong>sujeitos</strong> <strong>em</strong> <strong>sala</strong> <strong>de</strong> <strong>aula</strong>,<br />

pois, como afirma Triviños (1987), por meio <strong>de</strong>ste procedimento metodológico é possível<br />

<strong>de</strong>stacar <strong>de</strong> um conjunto (objetos, pessoas, animais etc.) algo especificamente, prestando<br />

atenção <strong>em</strong> suas características.<br />

Para Tura (2003), ao se preten<strong>de</strong>r “<strong>da</strong>r sentido à multidão <strong>da</strong>s impressões, narrativas,<br />

acontecimentos e falas dos diferentes atores sociais” (p. 201), faz-se necessário compreendê-<br />

los “no contexto <strong>da</strong>s relações e condições sociais <strong>de</strong> sua produção” 19 .<br />

A observação participante realiza<strong>da</strong> durante a pesquisa com crianças <strong>em</strong> fase <strong>de</strong><br />

consoli<strong>da</strong>ção <strong>da</strong> alfabetização permeou praticamente todos os procedimentos utilizados.<br />

Como já disse, foram realizados vários encontros entre os <strong>sujeitos</strong> <strong>da</strong> pesquisa e pesquisadora,<br />

pois, conforme as consi<strong>de</strong>rações <strong>de</strong> Lüdke e André (1986),<br />

19 Ibid.<br />

O ‘observador como participante’ é um papel <strong>em</strong> que a i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> do pesquisador e<br />

os objetivos do estudo são revelados ao grupo pesquisado <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início. Nessa<br />

posição, o pesquisador po<strong>de</strong> ter acesso a uma gama varia<strong>da</strong> <strong>de</strong> informações, até<br />

mesmo confi<strong>de</strong>nciais, pedindo cooperação ao grupo. Contudo, terá <strong>em</strong> geral que<br />

aceitar o controle do grupo sobre o que será ou não tornado público pela pesquisa (p.<br />

29).<br />

33

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!