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O jogo da enunciação em sala de aula e a formação de sujeitos ...

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Cumpre sentir-se <strong>em</strong> casa no mundo dos outros para po<strong>de</strong>r passar <strong>da</strong> confissão para<br />

a cont<strong>em</strong>plação estética objetiva, <strong>da</strong> discussão sobre o sentido e <strong>da</strong> busca do sentido<br />

para o <strong>da</strong>do maravilhoso do mundo. Cumpre compreen<strong>de</strong>r que tudo o que dá valor<br />

ao <strong>da</strong>do do mundo, tudo o que atribui um valor autônomo à presença no mundo, está<br />

vinculado ao outro que é seu herói, fun<strong>da</strong>mentado <strong>em</strong> seu acabamento: é a respeito<br />

do outro que se inventam histórias, é pelo outro que se <strong>de</strong>rramam lágrimas, é ao<br />

outro que se erig<strong>em</strong> monumentos; apenas os outros povoam os c<strong>em</strong>itérios; a<br />

m<strong>em</strong>ória só conhece, só preserva e reconstitui o outro; e tudo isso é feito a fim <strong>de</strong><br />

que minha própria m<strong>em</strong>ória <strong>da</strong>s coisas do mundo e <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> se torne, por sua vez,<br />

m<strong>em</strong>ória estética. Somente no mundo dos outros é possível a dinâmica estética, com<br />

caráter <strong>de</strong> acontecimento, <strong>em</strong> seu valor autônomo [...]. Cumpre sair <strong>de</strong> si mesmo se<br />

se quiser libertar o herói para o movimento livre <strong>de</strong> seu caráter <strong>de</strong> acontecimento no<br />

mundo (p. 126).<br />

Assim, busquei estar <strong>em</strong> consonância com pesquisadores <strong>de</strong> perspectiva histórico-<br />

dialética que buscam englobar discurso/sujeito/socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>em</strong> suas construções teóricas sobre<br />

ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s linguísticas, metalinguísticas e epilinguísticas no ensino <strong>da</strong> Língua Portuguesa;<br />

advindos <strong>da</strong> teoria <strong>de</strong> Mikhail Bakhtin sobre os fenômenos lingüísticos e os processos<br />

i<strong>de</strong>ológicos <strong>de</strong>terminantes <strong>da</strong> estrutura <strong>da</strong> <strong>enunciação</strong>; dos estudos apoiados <strong>em</strong> Lev Vigotski<br />

sobre <strong>de</strong>senvolvimento humano <strong>de</strong> um modo geral, <strong>da</strong> linguag<strong>em</strong>, <strong>em</strong> particular, <strong>da</strong><br />

aprendizag<strong>em</strong> e <strong>formação</strong> social <strong>da</strong> mente.<br />

Há alguns anos venho estu<strong>da</strong>ndo o pensamento do filósofo grego Cornelius<br />

Castoriadis sobre práxis, projeto revolucionário, reificação, significações imaginárias<br />

sociais, entre outros, no livro A instituição imaginária <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> (1991); e <strong>da</strong> filósofa<br />

al<strong>em</strong>ã Hannah Arendt, <strong>em</strong> cujo livro A condição humana (2005) argumenta sobre discurso e<br />

ação, responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> pelo mundo e a paradoxal plurali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> seres singulares, etc.<br />

Assim, <strong>em</strong>bora não tenha consultado trabalhos teóricos cont<strong>em</strong>porâneos advindos <strong>de</strong>sses<br />

respectivos autores, a leitura consistente dos dois livros citados anteriormente me permitiu<br />

aproximá-los dos textos <strong>de</strong> Bakhtin, Vigotski e <strong>de</strong> todos os outros cont<strong>em</strong>porâneos.<br />

Vigotski (1998) estava certo quando argumentou que a arte orienta para o futuro, para<br />

a aspiração ao que está por trás <strong>da</strong> nossa vi<strong>da</strong>, suscitando uma subversão, uma ver<strong>da</strong><strong>de</strong>ira<br />

revolução. A arte <strong>da</strong> argumentação não se coaduna com a atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> isolamento. São<br />

antagônicas. Só uma pessoa aberta para a dialogici<strong>da</strong><strong>de</strong>, para a discussão, s<strong>em</strong>pre a postos<br />

para suplantar qualquer se<strong>de</strong> <strong>de</strong> brilhantismo é capaz <strong>de</strong> ter essa sensibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> se preocupar<br />

e assumir uma responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> pelo mundo. S<strong>em</strong> esse sentimento e abertura não se consegue<br />

transformar reali<strong>da</strong><strong>de</strong>s, por mais que se tente argumentar que as mu<strong>da</strong>nças que se queira<br />

implantar, <strong>de</strong> cima para o meio e/ou para baixo, produzirão o efeito <strong>de</strong>sejado. Contudo, numa<br />

investigação científica é preciso consi<strong>de</strong>rar a reflexivi<strong>da</strong><strong>de</strong> pessoal e a reflexivi<strong>da</strong><strong>de</strong> funcional<br />

na tentativa <strong>de</strong> aproximar-se <strong>da</strong> objetivi<strong>da</strong><strong>de</strong> do fenômeno <strong>em</strong> questão (SPINK E<br />

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