19.04.2013 Views

O jogo da enunciação em sala de aula e a formação de sujeitos ...

O jogo da enunciação em sala de aula e a formação de sujeitos ...

O jogo da enunciação em sala de aula e a formação de sujeitos ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

3.1 Diálogos com a história <strong>da</strong> educação brasileira: elitização & inclusão<br />

Para realizar esta pesquisa consi<strong>de</strong>rei importante iniciar recorrendo a alguns conceitos,<br />

proposições teóricas e estudos historiográficos circun<strong>da</strong>ntes <strong>da</strong> educação brasileira, na<br />

tentativa <strong>de</strong> evi<strong>de</strong>nciar, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> já, sua perspectiva sócio-histórica e, sobretudo, a dimensão<br />

ético-política que <strong>em</strong>basa minha práxis como ser humano mulher, mãe, ci<strong>da</strong>dã, professora, e<br />

que, ao menos, pretendi alcançar durante to<strong>da</strong> a trajetória <strong>da</strong> realização <strong>de</strong>ste estudo. A<br />

história se faz pelos discursos e pelas ações dos seres humanos, proposição esta que po<strong>de</strong> ser<br />

aplica<strong>da</strong> tanto <strong>em</strong> microanálise quanto macroanálise dos acontecimentos humanos, <strong>em</strong><br />

histórias <strong>de</strong> vi<strong>da</strong>s individuais e vi<strong>da</strong>s coletivas.<br />

A socie<strong>da</strong><strong>de</strong> brasileira é profun<strong>da</strong>mente marca<strong>da</strong> pelo acentuado privilégio <strong>de</strong> poucos<br />

e a exclusão ou marginalização <strong>da</strong> gran<strong>de</strong> maioria. Basta l<strong>em</strong>brar alguns fatos históricos mais<br />

relevantes, a começar pela história perversa <strong>da</strong> escravidão indígena e negra no Brasil:<br />

enquanto na Europa os homens e animais eram substituídos pelas máquinas nos trabalhos<br />

pesados, aqui, a elite atrasa<strong>da</strong> se fechava à mo<strong>de</strong>rni<strong>da</strong><strong>de</strong> e conseguia prolongar, ao máximo, a<br />

escravidão, <strong>da</strong>ndo-nos a glória <strong>de</strong> sermos o último país do planeta a acabar com a mais<br />

terrível <strong>da</strong>s injustiças cometi<strong>da</strong>s pelas socie<strong>da</strong><strong>de</strong>s humanas. O nascimento <strong>da</strong> República <strong>em</strong><br />

1889, não marcou o surgimento <strong>de</strong> uma nova socie<strong>da</strong><strong>de</strong>; nenhuma revolução efetivamente<br />

ocorreu e os escravos apenas foram substituídos por ex-escravos e imigrantes, os barões do<br />

império pelos ministros <strong>da</strong> república, mantendo profun<strong>da</strong> exclusão social, situação na qual<br />

“uma minoria esbanja o supérfluo, enquanto a maioria não t<strong>em</strong> o estritamente necessário”<br />

(COTRIM, 1996, p. 93).<br />

E a escola? Que cenas os atores <strong>de</strong>sta instituição social protagonizaram até hoje e <strong>em</strong><br />

que papéis sociais mais atuaram? Os educadores, <strong>de</strong> um modo geral, e os professores,<br />

especificamente, com que frequência na história <strong>de</strong> nosso país foram culpados e quando<br />

foram vítimas? Professores e alunos intercalaram papéis <strong>de</strong> heróis e <strong>de</strong> vilões? A história nos<br />

permite ver e afirmar que, tanto no seu presente quanto <strong>em</strong> seu passado, a escola<br />

<strong>de</strong>s<strong>em</strong>penhou por vezes o papel <strong>de</strong> maquiadora, reprodutora <strong>da</strong> reali<strong>da</strong><strong>de</strong> social instituí<strong>da</strong>,<br />

instrumento a serviço <strong>da</strong> ord<strong>em</strong> econômica, política e social. Mas, por outro lado, existiram<br />

muitas mulheres e homens <strong>de</strong>ste país que se revelaram na experiência <strong>da</strong> estra<strong>da</strong>, pela própria<br />

práxis revolucionária, como pessoas que <strong>de</strong>sejaram se forjar na t<strong>em</strong>porali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> viag<strong>em</strong>,<br />

assim como também uma nova socie<strong>da</strong><strong>de</strong> (AMORIM, 2006); estando, portanto, <strong>de</strong> acordo<br />

com os argumentos <strong>de</strong> Arendt (2005, p.197) <strong>de</strong> que "as histórias, resultado <strong>da</strong> ação e do<br />

discurso, revelam um agente, mas esse agente não é autor n<strong>em</strong> produtor. Alguém a iniciou e<br />

68

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!