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O jogo da enunciação em sala de aula e a formação de sujeitos ...

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Paulo: AH, NÃO!! Ela sabe.<br />

Salete: Leia com ela, aju<strong>da</strong> ela!<br />

Marlon: Vou fazer igual ao que eu faço com meus amigos lá <strong>de</strong> casa. Vou te aju<strong>da</strong>r a ler. Eu falo e você repete:<br />

“O menino travesso...”<br />

Leila: “O menino travesso...”<br />

Marlon: “Ele é o...”<br />

Leila: “Ele é o Saci. (Observação <strong>de</strong> campo, fita nº 1, “Reagrupamento” <strong>em</strong> 12/08/08).<br />

Há também a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> encontrar entre alunos dos grupos com pouca ou<br />

nenhuma visibili<strong>da</strong><strong>de</strong> - os quais são monitorados e apadrinhados pelos mais “espertos” na<br />

turma - aquele que busca uma compensação <strong>em</strong> uma quali<strong>da</strong><strong>de</strong> pessoal ou o reconhecimento<br />

por si próprio ou por alguns companheiros. O cui<strong>da</strong>do para não constranger o aluno <strong>em</strong> sua<br />

tentativa <strong>de</strong> <strong>enunciação</strong> precisa ser igual para todos.<br />

5.5 O controle <strong>da</strong>s produções discursivas e <strong>da</strong>s relações dialógicas <strong>em</strong> <strong>sala</strong> <strong>de</strong> <strong>aula</strong><br />

Evento XXII<br />

No final <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> com a música Aquarela, os alunos foram à frente apresentar seus trabalhos. Quase no<br />

final, a professora chama por Leila.<br />

Professora: Pega lá pra gente ver, Leila. Vamos lá. Leia as palavrinhas que você circulou.<br />

A aluna começou a ler, mas com muita dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

Professora: Aju<strong>de</strong> a Leila, Úrsula! Deixa ela falar; se ela não conseguir, você aju<strong>da</strong>.<br />

Paulo e Úrsula tomaram completamente a vez <strong>de</strong> Leila falar.<br />

Paulo: Eu estou ensinando a Leila a ler. Ela já me <strong>de</strong>u uma caixa <strong>de</strong> bombom <strong>de</strong> presente...<br />

Professora: Alan, on<strong>de</strong> está o seu trabalho, quero ver o trabalho mesmo borrado!!<br />

Paulo: Tia, eu vou apresentar pra ele!<br />

Úrsula: Tia, ele está chorando.<br />

Professora: Deixa ele chorar. Não fez porque não quis.<br />

Thiago: Porque ele tinha borrado ( na tinta).<br />

Professora: Po<strong>de</strong>ria até ter <strong>de</strong>senhado coisas, objetos <strong>da</strong> música: gaivotas, animais, céu...<br />

Chegou a hora <strong>da</strong> saí<strong>da</strong> <strong>de</strong> Alan, que recebeu sua mãe chorando.<br />

Professora: Mãe, eu não sei por que ele está chorando.<br />

Thiago: É porque ele tinha borrado o trabalho.<br />

Mãe: Mas ele fez o trabalho, tia? (<strong>de</strong>sconhecendo totalmente o contexto <strong>em</strong> que o filho começara a chorar).<br />

Professora: Não.<br />

E assim, terminou a tar<strong>de</strong> na escola. (Filmag<strong>em</strong> <strong>em</strong> 07/10/08)<br />

Minha intenção <strong>de</strong> investigar o <strong>jogo</strong> enunciativo entre crianças e professora no interior<br />

<strong>de</strong> uma <strong>sala</strong> <strong>de</strong> <strong>aula</strong>, <strong>em</strong> cujos contextos se ensinam e se aprend<strong>em</strong> a Língua Portuguesa, é<br />

<strong>de</strong>corrente <strong>de</strong> uma preocupação com a busca <strong>de</strong> práticas pe<strong>da</strong>gógicas que contribuam para que<br />

o aluno possa participar <strong>de</strong>sse <strong>jogo</strong> e consi<strong>de</strong>rar o enunciado, o texto, como vozes a<br />

compreen<strong>de</strong>r, e com as quais possa dialogar. “O texto não se dirige, ele também, a um outro<br />

ausente, reificado” (MARCHEZAN, 2006, p. 129).<br />

As re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> sist<strong>em</strong>as linguísticos forma<strong>da</strong>s <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> <strong>de</strong>termina<strong>da</strong> situação histórico-<br />

social controlam as interações, influenciando as relações intersubjetivas nas quais se<br />

<strong>de</strong>terminam a “s<strong>em</strong>antici<strong>da</strong><strong>de</strong> dos recursos expressivos utilizados” e se “t<strong>em</strong>atizam<br />

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