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O jogo da enunciação em sala de aula e a formação de sujeitos ...

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CAPITULO 4<br />

Os <strong>sujeitos</strong> <strong>da</strong> pesquisa<br />

91<br />

Pois <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o m om ento <strong>em</strong> que a palavra, m esm o não<br />

pronuncia<strong>da</strong>, abre um a prim eira brecha, o m undo e os outros<br />

infiltram -se por todos os lados, a consciência é inun<strong>da</strong><strong>da</strong><br />

pela torrente <strong>da</strong>s significações [...]. Som ente pelo m undo é<br />

que pod<strong>em</strong> os pensar o m undo. Cornelius Castoriadis 65<br />

Parti do pressuposto <strong>de</strong> que o “fazer científico é constituído por processos<br />

argumentativos” e por conta disso “o papel do pesquisador precisa ser redimensionado”<br />

(MAZZOTTI & OLIVEIRA, 2002, p. 73), no sentido <strong>de</strong> que tanto as filiações teórico-<br />

metodológicas quanto os métodos aplicados não se torn<strong>em</strong> “camisas-<strong>de</strong>-força” e impeçam um<br />

“alçar vôo” que permita avanços nas discussões e investigações sobre <strong>de</strong>terminado objeto <strong>de</strong><br />

pesquisa.<br />

Segundo Severino (2005), o pesquisador <strong>de</strong>ve <strong>de</strong>senvolver seu trabalho científico com<br />

audácia, capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> originali<strong>da</strong><strong>de</strong> e <strong>de</strong> inventivi<strong>da</strong><strong>de</strong>, buscando explicitar com clareza e<br />

firmeza suas “significações assumi<strong>da</strong>s no âmbito <strong>de</strong> um projeto político-existencial [...], <strong>em</strong><br />

consonância com o momento histórico vivido pela sua socie<strong>da</strong><strong>de</strong> concreta” (p. 147). Em meu<br />

caso, o <strong>em</strong>basamento constitutivo está relacionado “a uma concepção <strong>de</strong> linguag<strong>em</strong>, <strong>de</strong><br />

construção e produção <strong>de</strong> sentidos necessariamente apoia<strong>da</strong>s nas relações discursivas<br />

<strong>em</strong>preendi<strong>da</strong>s por <strong>sujeitos</strong> historicamente situados” (BRAIT, 2006, p. 10).<br />

Portanto, nos apoiamos <strong>em</strong> argumento <strong>da</strong> autori<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> outro para <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r nossas<br />

posições, <strong>de</strong>ixando <strong>em</strong> evidência nosso pertencimento a um <strong>de</strong>terminado grupo <strong>de</strong> trabalho,<br />

além <strong>de</strong> ser um sinal visível <strong>de</strong> que consi<strong>de</strong>ramos a “finitu<strong>de</strong> do pesquisador, do pensador”<br />

que “não po<strong>de</strong> <strong>de</strong>scobrir n<strong>em</strong> verificar tudo, precisa confiar <strong>em</strong> alguém” como disse Reboul<br />

(2000, p. 177).<br />

Os processos interlocutivos que permit<strong>em</strong> o diálogo com outros “olhares” e com<br />

outras estratégias argumentativas sobre um mesmo objeto, a abertura para os contra-<br />

argumentos, para a responsivi<strong>da</strong><strong>de</strong>, para a réplica do outro, só pod<strong>em</strong> implicar <strong>em</strong> benefícios<br />

para a pesquisa científica. E, como Bakhtin, diríamos:<br />

65 CASTORIADIS, 1991, p. 128.<br />

De <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> mim, no contexto dos valores e do sentido <strong>da</strong> minha vi<strong>da</strong>, as coisas se<br />

situam diante <strong>de</strong> mim, vinculam-se à minha vi<strong>da</strong> na orientação que lhe é peculiar<br />

(ético-cognitiva e prática); e estão presentes aí na quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> constituintes do<br />

acontecimento singular e único, aberto, <strong>da</strong> minha existência, do qual participo e cuja<br />

solução me concerne <strong>em</strong> to<strong>da</strong> sua coerção (1992b, p. 111).

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