19.04.2013 Views

O jogo da enunciação em sala de aula e a formação de sujeitos ...

O jogo da enunciação em sala de aula e a formação de sujeitos ...

O jogo da enunciação em sala de aula e a formação de sujeitos ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

seu local <strong>de</strong> trabalho. Silva (1991), ao analisar a situação social e política dos professores,<br />

afirma:<br />

É certo dizer que os professores brasileiros <strong>em</strong> seus diversos contextos regionais ou<br />

estaduais, ain<strong>da</strong> se encontram dispersos, <strong>de</strong>sagregados, <strong>de</strong>sunidos não chegando a<br />

configurar uma classe <strong>de</strong>vi<strong>da</strong>mente organiza<strong>da</strong> para as suas lutas reivindicatórias (p.<br />

22).<br />

Neste sentido, a expressão fracasso escolar me instiga e me intriga. Não apren<strong>de</strong>r a ler<br />

e a escrever é sinal <strong>de</strong> fraqueza ou <strong>de</strong> fracasso? De qu<strong>em</strong>? Não sentir-se incluído, parte<br />

importante <strong>de</strong> um processo, é sinal <strong>de</strong> fraqueza ou <strong>de</strong> fracasso? Somos fracos ou<br />

enfraquecidos por n sist<strong>em</strong>as? Fracasso <strong>de</strong>nota mu<strong>da</strong>nça <strong>de</strong> rota. Fracasso é produto, não<br />

fatali<strong>da</strong><strong>de</strong>, é a experiência vivi<strong>da</strong> por aquele do qual foi feito um “<strong>de</strong>ficiente”, um fracassado.<br />

Sim, porque no caso <strong>de</strong> comprometimentos psicogenéticos ou patológicos não se po<strong>de</strong> falar<br />

<strong>em</strong> fracasso.<br />

Mu<strong>da</strong>r o eixo <strong>da</strong> discussão sobre o fracasso escolar exige inicialmente abrir mão <strong>da</strong><br />

auto<strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> to<strong>da</strong>s as esferas <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong>, mas, sobretudo, <strong>de</strong> qu<strong>em</strong> atua no interior <strong>da</strong>s<br />

escolas, para se dispor a uma análise <strong>da</strong> questão que favoreça um <strong>em</strong>bate <strong>de</strong> idéias e atitu<strong>de</strong>s<br />

capazes <strong>de</strong> levar a uma práxis ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iramente revolucionária; que <strong>de</strong>nuncie, por si só,<br />

qualquer mecanismo <strong>de</strong> discriminação que impe<strong>de</strong> uma socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> ser igualitária (PATTO,<br />

2005; CASTORIADIS, 1991).<br />

Para mim significa impulsionar-me pelo <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> mu<strong>da</strong>nças profun<strong>da</strong>s e essenciais na<br />

vi<strong>da</strong> <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> qual sou ci<strong>da</strong>dã e, principalmente, por um inconformismo diss<strong>em</strong>inado<br />

por to<strong>da</strong>s as dimensões que constitu<strong>em</strong> minha condição humana: cognitiva, filosófica,<br />

política, i<strong>de</strong>ológica, psicológica, sociológica, cultural, etc.<br />

De <strong>de</strong>ntro <strong>da</strong> minha consciência participante <strong>da</strong> existência, o mundo é o objeto do<br />

meu ato, do ato-pensamento, do ato-sentimento, do ato-ação; seu centro <strong>de</strong><br />

gravi<strong>da</strong><strong>de</strong> situa-se no futuro, no <strong>de</strong>sejo, no <strong>de</strong>ver e não no <strong>da</strong>do auto-suficiente do<br />

objeto, <strong>em</strong> sua atuali<strong>da</strong><strong>de</strong>, <strong>em</strong> seu presente, <strong>em</strong> seu ser-aqui já realizado [...]; minha<br />

situação se modifica a todo o momento, eu não posso d<strong>em</strong>orar ou ficar <strong>em</strong> repouso.<br />

O objeto, no espaço e no t<strong>em</strong>po, situa-se à minha frente, sendo isso que instaura o<br />

princípio <strong>de</strong> meu horizonte. As coisas não me ro<strong>de</strong>iam – eu, meu corpo exterior –<br />

<strong>em</strong> sua atuali<strong>da</strong><strong>de</strong> e nos valores <strong>de</strong> seu <strong>da</strong>do, mas situam-se à minha frente e são<br />

integra<strong>da</strong>s à postura ético-cognitiva <strong>da</strong> minha vi<strong>da</strong>, no acontecimento aberto e<br />

aleatório <strong>da</strong> existência, cuja uni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> sentido e cujo valor não são <strong>da</strong>dos, e sim<br />

pré-<strong>da</strong>dos (BAKHTIN, 1992b, p. 112).<br />

Para trabalhar com Educação e principalmente com Alfabetização é preciso que o<br />

educador esteja constant<strong>em</strong>ente fascinado pela vi<strong>da</strong> e creia nela. E por crer, insiste e persiste<br />

na luta para que a boa vi<strong>da</strong> seja boa vi<strong>da</strong> para todos ou, ao contrário, po<strong>de</strong> ser que seja vi<strong>da</strong>,<br />

94

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!