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O jogo da enunciação em sala de aula e a formação de sujeitos ...

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Para Vigotski, a mediação do adulto serviria para tornar menos <strong>de</strong>sconcertante e<br />

caótico o processo <strong>de</strong> subordinação aos valores culturais histórica e socialmente construídos e<br />

reproduzidos pelos grupos sociais <strong>em</strong> que a criança está inseri<strong>da</strong> - rumo à auto-regulação<br />

voluntária. A pesquisa mostrou que não somente os processos intrapsicológicos se dão <strong>de</strong><br />

forma caótica e <strong>de</strong>sconcertante, mas também os processos interpsicológicos. E tanto a<br />

mediação do adulto quanto a mediação entre as crianças têm um peso muito gran<strong>de</strong> no<br />

processo <strong>de</strong> autonomia ou <strong>de</strong> autoregulação voluntária que, na ver<strong>da</strong><strong>de</strong> nunca será<br />

completamente voluntária, levando-se <strong>em</strong> conta a constituição histórico-social dos <strong>sujeitos</strong> e<br />

as formações discursivas que o sujeito recebe <strong>de</strong>s<strong>de</strong> seu nascimento. Quanto pesa para uma<br />

criança a palavra do outro, criança e adulto? A meu ver, essa questão é fun<strong>da</strong>mental ao se<br />

planejar as formas <strong>de</strong> mediação entre os <strong>sujeitos</strong> na <strong>sala</strong> <strong>de</strong> <strong>aula</strong>. A palavra do outro é uma<br />

necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> e, na maioria <strong>da</strong>s vezes, o que o aluno realmente procura é um movimento vivo<br />

<strong>de</strong> interlocução com a professora e com os colegas através <strong>da</strong> busca <strong>de</strong> maior proximi<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />

<strong>da</strong>s tentativas <strong>de</strong> obter maior acolhimento por parte do outro, pelo <strong>de</strong>sejo que sente <strong>de</strong><br />

apren<strong>de</strong>r pela troca, entre outras. Ele <strong>de</strong>seja que, ao que ele produz, o outro possa acrescentar<br />

com sua diferença, com suas experiências, com sua individuali<strong>da</strong><strong>de</strong>, a partir <strong>de</strong> sua posição<br />

exotópica. Po<strong>de</strong> estar querendo d<strong>em</strong>onstrar interesse e motivação para ser elogiado. Po<strong>de</strong><br />

querer simplesmente voltar à atenção do professor e dos colegas para ele, ou até mesmo,<br />

querer a palavra do outro, para confirmar suas <strong>de</strong>duções.<br />

6. O direito a cre<strong>de</strong>nciais <strong>em</strong> <strong>sala</strong> <strong>de</strong> <strong>aula</strong>, o controle <strong>da</strong>s produções discursivas e<br />

<strong>da</strong>s relações dialógicas <strong>em</strong> <strong>sala</strong> <strong>de</strong> <strong>aula</strong>: o aluno-escudo, selo <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> e <strong>de</strong><br />

competência do professor.<br />

Uma <strong>sala</strong> <strong>de</strong> <strong>aula</strong> po<strong>de</strong> se tornar um lugar i<strong>de</strong>al para o encontro entre os <strong>sujeitos</strong>-<br />

autores dialógicos e polifônicos, on<strong>de</strong> todos tenham oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> expressão, <strong>de</strong><br />

cotejamento sobre os acontecimentos, rompendo com qualquer forma <strong>de</strong> massificação e<br />

apequenamento do sujeito; ou po<strong>de</strong> ser um cenário on<strong>de</strong> o dialogismo polifônico constitutivo<br />

do ser humano seja contido. Po<strong>de</strong> ser o lugar <strong>de</strong> cre<strong>de</strong>nciar, <strong>em</strong>po<strong>de</strong>rar a alguns outros. Há<br />

formas sutis <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r <strong>em</strong> <strong>sala</strong> <strong>de</strong> <strong>aula</strong> mesmo entre crianças e uma professora. A ênfase nas<br />

competências individuais pela adoção <strong>de</strong> estratégias <strong>de</strong> ensino que primam por esse aspecto e<br />

a valorização e cre<strong>de</strong>nciamento do sujeito com base <strong>em</strong> seu <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho na apropriação <strong>de</strong><br />

conhecimentos favorec<strong>em</strong> ao fenômeno i<strong>de</strong>ológico <strong>da</strong> mi[s]tificação do conhecimento<br />

científico, a que Geraldi (1995) se refere <strong>em</strong> seu trabalho.<br />

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