19.04.2013 Views

O jogo da enunciação em sala de aula e a formação de sujeitos ...

O jogo da enunciação em sala de aula e a formação de sujeitos ...

O jogo da enunciação em sala de aula e a formação de sujeitos ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

do objetivismo abstrato, por conceber<strong>em</strong> a linguag<strong>em</strong> somente <strong>de</strong> caráter sist<strong>em</strong>ático, abstrato<br />

e invariável; e, por outro lado, criticou os a<strong>de</strong>ptos <strong>da</strong> vertente subjetivista i<strong>de</strong>alista, para qu<strong>em</strong><br />

a linguag<strong>em</strong> <strong>de</strong>veria ser toma<strong>da</strong> apenas sob seu aspecto individual e absolutamente variável e<br />

criativo.<br />

Consi<strong>de</strong>ro que a síntese <strong>de</strong> Freitas (2007), apoia<strong>da</strong> <strong>em</strong> Bog<strong>da</strong>n & Biklen (1994), sobre<br />

as características <strong>de</strong> uma pesquisa qualitativa <strong>de</strong> orientação sócio-histórica merec<strong>em</strong> ser<br />

<strong>de</strong>scritas na íntegra por estar<strong>em</strong> <strong>em</strong> consonância com minha posição e critérios adotados<br />

durante a pesquisa:<br />

• A fonte dos <strong>da</strong>dos é o texto (contexto) no qual o acontecimento <strong>em</strong>erge,<br />

focalizando o particular enquanto instância <strong>de</strong> uma totali<strong>da</strong><strong>de</strong> social. Procura-se,<br />

portanto, compreen<strong>de</strong>r os <strong>sujeitos</strong> envolvidos na investigação para, através<br />

<strong>de</strong>les, compreen<strong>de</strong>r também o seu contexto.<br />

• As questões formula<strong>da</strong>s para a pesquisa não são estabeleci<strong>da</strong>s a partir <strong>da</strong><br />

operacionalização <strong>de</strong> variáveis, mas se orientam para a compreensão dos<br />

fenômenos <strong>em</strong> to<strong>da</strong> a sua complexi<strong>da</strong><strong>de</strong> e <strong>em</strong> seu acontecer histórico. Isto é, não<br />

se cria artificialmente uma situação para ser pesquisa<strong>da</strong>, mas vai-se ao encontro<br />

<strong>da</strong> situação no seu acontecer, no seu processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento.<br />

• O processo <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos caracteriza-se pela ênfase na compreensão,<br />

valendo-se <strong>da</strong> arte <strong>da</strong> <strong>de</strong>scrição que <strong>de</strong>ve ser compl<strong>em</strong>enta<strong>da</strong>, porém, pela<br />

explicação dos fenômenos <strong>em</strong> estudo, procurando as possíveis relações dos<br />

eventos investigados numa integração do individual com o social.<br />

• A ênfase <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> do pesquisador situa-se no processo <strong>de</strong> trans<strong>formação</strong> e<br />

mu<strong>da</strong>nça <strong>em</strong> que se <strong>de</strong>senrolam os fenômenos humanos [...].<br />

• O pesquisador é um dos principais instrumentos <strong>da</strong> pesquisa porque, sendo parte<br />

integrante <strong>da</strong> investigação, sua compreensão se constrói a partir do lugar sóciohistórico<br />

no qual se situa e <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>da</strong>s relações intersubjetivas que estabelece<br />

com os <strong>sujeitos</strong> com qu<strong>em</strong> pesquisa.<br />

• O critério que se busca numa pesquisa não é a precisão do conhecimento, mas a<br />

profundi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> penetração e a participação ativa tanto do investigador quanto<br />

do investigado. Disso resulta que pesquisador e pesquisado têm oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

para refletir, apren<strong>de</strong>r e ressignificar-se no processo <strong>de</strong> pesquisa (p. 27-28).<br />

Partindo <strong>de</strong>ssas pr<strong>em</strong>issas, fiz <strong>da</strong>s técnicas <strong>de</strong> pesquisa adota<strong>da</strong>s oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

encontro que permitiss<strong>em</strong> um número crescente <strong>de</strong> réplicas. Brait (2006) <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> que não<br />

<strong>de</strong>v<strong>em</strong>os “aplicar conceitos a fim <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r um discurso, mas <strong>de</strong>ixar que os discursos<br />

revel<strong>em</strong> sua forma <strong>de</strong> produzir sentido, a partir do ponto <strong>de</strong> vista dialógico, num <strong>em</strong>bate” (p.<br />

23). Para a autora, o sociologismo <strong>de</strong> Bakhtin implica conceber o discurso como fruto <strong>da</strong> cisão<br />

indivíduo/socie<strong>da</strong><strong>de</strong>, <strong>da</strong>s relações interindividuais, <strong>da</strong> interação sócio-comunicativa. O sentido<br />

é produzido pelas interações sociais. Para Bakhtin, os signos i<strong>de</strong>ológicos são ao mesmo t<strong>em</strong>po<br />

arena <strong>da</strong>s lutas sociais e expressão íntima e pessoal <strong>de</strong> indivíduos interlocutores.<br />

Nesse sentido, s<strong>em</strong> abrir mão <strong>de</strong> nossa posição exotópica, que permite <strong>da</strong>rmos<br />

acabamento aos heróis e aos acontecimentos <strong>de</strong> sua existência, isto é, ao todo <strong>da</strong> obra<br />

(BAKHTIN, 1992b), busquei levantar os véus, “que escond<strong>em</strong> a face do ser mais próximo,<br />

30

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!