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O jogo da enunciação em sala de aula e a formação de sujeitos ...

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Entendo que o professor precisa pensar e organizar as próprias enunciações para que o<br />

cotidiano <strong>de</strong> uma <strong>sala</strong> <strong>de</strong> <strong>aula</strong> venha a ser menos exaustivo por conta <strong>de</strong> repetições,<br />

principalmente, <strong>de</strong> posições éticas, morais e políticas. As histórias li<strong>da</strong>s ou conta<strong>da</strong>s, os<br />

comunicados sobre os eventos escolares, os t<strong>em</strong>as propostos para produções textuais, entre<br />

outros, não <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser antecipa<strong>da</strong>s por enunciados <strong>de</strong> tendência moralizante, muitas vezes<br />

adversos ao imaginário <strong>da</strong> maioria <strong>da</strong>s crianças. O que vale mais à pena ser dito pelo educador<br />

aos alunos? Muitos discursos estão seguindo para o en<strong>de</strong>reço errado. O professor com a<br />

intenção <strong>de</strong> atingir os pais através <strong>da</strong> criança <strong>de</strong>senvolve discursos que acabam provocando<br />

cansaço, <strong>de</strong>svios <strong>da</strong> atenção, etc.<br />

Segundo Bakhtin, a linguag<strong>em</strong> <strong>de</strong>ve ser estu<strong>da</strong><strong>da</strong> <strong>em</strong> uso, na combinação <strong>da</strong>s suas<br />

dimensões, a dimensão sist<strong>em</strong>ática, abstrata e invariável e a dimensão individual,<br />

completamente variável e criativa; como uma forma <strong>de</strong> conhecer o ser humano, suas<br />

ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s, sua condição <strong>de</strong> sujeito múltiplo, sua inserção na história, no social, no cultural<br />

pela linguag<strong>em</strong>, pelas linguagens” (BRAIT, 2006, p. 23).<br />

Os professores que se <strong>de</strong>fin<strong>em</strong> como a<strong>de</strong>ptos <strong>de</strong> uma concepção <strong>de</strong> linguag<strong>em</strong> sócio-<br />

interacionista discursiva pod<strong>em</strong> incorrer numa excessiva preocupação <strong>em</strong> propor a leitura e a<br />

produção <strong>de</strong> textos <strong>em</strong> <strong>sala</strong> <strong>de</strong> <strong>aula</strong> a qualquer custo; enquanto o mais relevante é a quali<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

e não a quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>ssas produções e, sobretudo, a maior eficácia encontra-se na prática<br />

pe<strong>da</strong>gógica <strong>em</strong> que há uma busca <strong>de</strong> equilíbrio entre ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> linguag<strong>em</strong>, sobre a<br />

linguag<strong>em</strong> e com a linguag<strong>em</strong>. E ain<strong>da</strong> pod<strong>em</strong>os pon<strong>de</strong>rar os argumentos <strong>de</strong> Vigotski (2005):<br />

163<br />

Por que razão a escrita torna-se difícil para a criança <strong>em</strong> i<strong>da</strong><strong>de</strong> escolar, a ponto <strong>de</strong>,<br />

<strong>em</strong> certos períodos, existir uma <strong>de</strong>fasag<strong>em</strong> <strong>de</strong> seis a oito anos entre a sua “i<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

lingüística” na fala e na escrita? Esse fato é geralmente explicado pela novi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong><br />

escrita: como uma nova função, t<strong>em</strong> que repetir estágios do <strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong><br />

fala; portanto, a escrita <strong>de</strong> uma criança <strong>de</strong> oito anos ass<strong>em</strong>elha-se à fala <strong>de</strong> uma<br />

criança <strong>de</strong> dois anos (p. 123).<br />

Mais adiante, Vigotski conclui que nas conversas <strong>da</strong> criança,<br />

[...] o <strong>de</strong>sejo ou a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> levam aos pedidos, as perguntas conduz<strong>em</strong> às<br />

respostas, e a confusão à explicação [...]. Ela não t<strong>em</strong> que ser conscient<strong>em</strong>ente<br />

dirigi<strong>da</strong> – a situação dinâmica se encarrega disso. Os motivos para escrever são mais<br />

abstratos, mais intelectualizados, mais distantes <strong>da</strong>s necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s imediatas. Na<br />

escrita, somos obrigados a criar a situação, ou a representá-la para nós mesmos. Isso<br />

exige um distanciamento <strong>da</strong> situação real 97 .<br />

Nas operações <strong>de</strong> argumentação aparec<strong>em</strong> “aspectos construtivos e reflexivos,<br />

informativos e persuasivos” (GERALDI, 1995, p. 199) os quais colocam <strong>em</strong> relação<br />

97 Ibid., p. 124.

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