19.04.2013 Views

O jogo da enunciação em sala de aula e a formação de sujeitos ...

O jogo da enunciação em sala de aula e a formação de sujeitos ...

O jogo da enunciação em sala de aula e a formação de sujeitos ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

educação escolar, especificamente, por objeto <strong>de</strong> estudo. “Neste <strong>em</strong>bate se apresentou a<br />

Filosofia <strong>da</strong> Educação, procurando mostrar que uma <strong>de</strong>termina<strong>da</strong> filosofia é mais a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong> do<br />

que outras para compreen<strong>de</strong>r e orientar as práticas educativas” (MAZZOTTI & OLIVEIRA,<br />

2002, p. 38).<br />

Nesse cenário, nasce a teoria racional <strong>da</strong> ação social proposta por Raymond Boudon<br />

que <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> que os “atores sociais” têm “razões para acreditar e fazer o que faz<strong>em</strong> e pensam”<br />

e o pesquisador <strong>da</strong>s Ciências Humanas não precisa tentar encontrar “razões inconscientes”<br />

para estu<strong>da</strong>r as condutas humanas” 7 .<br />

Para Boudon (1998 apud MAZZOTTI & OLIVEIRA, 2002, p. 41):<br />

[...] o hom<strong>em</strong> não é n<strong>em</strong> racional e n<strong>em</strong> irracional. Só os comportamentos<br />

particulares, as ações particulares, as crenças particulares e as combinações<br />

particulares <strong>de</strong>stes el<strong>em</strong>entos pod<strong>em</strong> ser ditas racionais ou irracionais. Serão ditas<br />

“racionais” se houver uma teoria “racional” que permita explicá-las e se essa teoria<br />

parecer superior a qualquer teoria “irracional”, tendo <strong>em</strong> conta os critérios<br />

popperianos e não-popperianos corrent<strong>em</strong>ente utilizados na ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> científica para<br />

julgar a vali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> uma teoria (p. 411).<br />

O autor consi<strong>de</strong>ra que as razões dos atores sociais são forneci<strong>da</strong>s,uns aos outros, por<br />

meio <strong>de</strong> contextos argumentativos e variam <strong>de</strong> acordo com as exigências dos participantes dos<br />

grupos sociais. Nas análises <strong>de</strong> Mazzotti & Oliveira (2002), a teoria racional <strong>da</strong> ação social e<br />

a teoria <strong>da</strong> argumentação pod<strong>em</strong> trazer gran<strong>de</strong>s avanços nas pesquisas <strong>em</strong> educação, assim<br />

como a constituição <strong>de</strong> uma interdisciplina própria <strong>da</strong> educação. Porém, há uma dificul<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

“<strong>de</strong> se estabelecer um objeto interdisciplinar nas Ciências Sociais e Humanas” 8 ; consi<strong>de</strong>rando<br />

que isso não se constituiria numa completa falta <strong>de</strong> autonomia n<strong>em</strong> numa diluição <strong>da</strong>s<br />

disciplinas que compõ<strong>em</strong> as Ciências Sociais e Humanas, mas numa “nova disciplina que<br />

<strong>em</strong>erge <strong>de</strong> outras com vistas ao exame <strong>de</strong> um objeto que ca<strong>da</strong> uma <strong>de</strong>las é incapaz <strong>de</strong> abarcar<br />

per se” 9 .<br />

Para não rotular <strong>de</strong> irracionais os atores sociais observados e estabelecer as razões<br />

objetivas <strong>da</strong>s ações analisa<strong>da</strong>s, ao buscar explicações para suas condutas, atitu<strong>de</strong>s e crenças, o<br />

pesquisador/observador precisa “ultrapassar o sociocentrismo” (Mazzotti & Oliveira, 2002, p.<br />

87).<br />

Kramer (2006) analisa a objetivi<strong>da</strong><strong>de</strong> no processo <strong>de</strong> conhecimento científico-social<br />

discutindo as influências <strong>de</strong> caráter i<strong>de</strong>ológico nesse processo. A autora estu<strong>da</strong> as análises<br />

realiza<strong>da</strong>s pela sociologia crítica do conhecimento, questionando junto a Löwy (1987) a<br />

7 MAZZOTTI & OLIVEIRA, 2002, op. cit.<br />

8 Ibid, p. 48.<br />

9 Ibid. p. 49.<br />

22

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!