O jogo da enunciação em sala de aula e a formação de sujeitos ...
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O outro está presente tanto na forma como no fato do discurso, como exigência <strong>de</strong><br />
confrontação e <strong>de</strong> ver<strong>da</strong><strong>de</strong> [...]. O Eu <strong>da</strong> autonomia não é Si absoluto, môna<strong>da</strong> que<br />
limpa e lustra sua superfície êxtero-interna a fim <strong>de</strong> eliminar as impurezas trazi<strong>da</strong>s<br />
pelo contato com o outro; é a instância ativa e lúci<strong>da</strong> que reorganiza constant<strong>em</strong>ente<br />
os conteúdos utilizando-se <strong>de</strong>sses mesmos conteúdos, que produz com um material e<br />
<strong>em</strong> função <strong>de</strong> necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s e <strong>de</strong> idéias elas próprias compostas do que ela já<br />
encontrou antes e do que ela própria produziu (p. 128).<br />
Tomei alunos e professora como heróis, cui<strong>da</strong>ndo para que o acontecimento dialógico<br />
durante a pesquisa pu<strong>de</strong>sse se representar além do plano ético, pois, na obra a qual propus<br />
primeiro a mim mesma e <strong>de</strong>pois a todos os <strong>sujeitos</strong> envolvidos nela diretamente, como fala<br />
Bakhtin, as duas consciências na expressão criadora - a do autor e a do herói - não po<strong>de</strong>riam<br />
coincidir n<strong>em</strong> se opor, como uma condição inalienável para alcançar um exce<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> visão<br />
que contribuísse para o crescimento mútuo, produção efetiva <strong>de</strong> conhecimento científico,<br />
entre outras.<br />
[...] o plano <strong>de</strong> fundo, o que se passa às costas do herói e não lhe é visível n<strong>em</strong><br />
conhecido, po<strong>de</strong> tornar risíveis sua vi<strong>da</strong> e suas pretensões: um pequeno hom<strong>em</strong><br />
contra o fundo imenso do universo, um pequeno saber contra um fundo <strong>de</strong><br />
ignorância, a certeza <strong>de</strong> ser o centro <strong>de</strong> tudo, <strong>de</strong> ser excepcional, confronta<strong>da</strong> com<br />
uma idêntica certeza nos outros – <strong>em</strong> todos esses casos, o fundo é utilizado para<br />
<strong>de</strong>snu<strong>da</strong>r, mas também po<strong>de</strong> adornar, ser utilizado para heroificar o herói que sobe<br />
ao palco (BAKHTIN, 1992b, p. 41).<br />
Dos referenciais teórico-metodológicos <strong>da</strong> sociologia <strong>da</strong> infância, consi<strong>de</strong>rei os<br />
estudos <strong>de</strong> Silva (2007) importantes contribuições para minha análise especificamente quanto<br />
aos <strong>da</strong>dos levantados pela participação <strong>da</strong>s crianças. Em sua dissertação <strong>de</strong> Mestrado numa<br />
<strong>sala</strong> <strong>de</strong> <strong>aula</strong> <strong>de</strong> Educação Infantil a autora reporta às pesquisas <strong>de</strong> Pinto e Sarmento (1997);<br />
Delgado e Muller (2005); Corsaro (2005); Javeau (2005); Montandon (2005); Quinteiro<br />
(2005); Sarmento (2000); Ferreira (2004); Al<strong>de</strong>rson, 2005), entre outros.<br />
Destaco alguns pontos principais <strong>de</strong>sses estudos sobre este campo <strong>da</strong> sociologia: i) as<br />
interpretações infantis <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong>s pelos pesquisadores a partir <strong>de</strong> uma concepção<br />
<strong>da</strong>s crianças como atores sociais; que “constro<strong>em</strong> e compartilham uma cultura que lhes é<br />
específica” (MONTANDON, 2005 apud SILVA, 2007); ii) para estu<strong>da</strong>r as crianças, o<br />
pesquisador não precisa se tornar uma <strong>de</strong>las, porém, estando diretamente participando no<br />
campo <strong>em</strong>pírico, <strong>de</strong>ve evitar “um comportamento <strong>de</strong> adulto autoritário, portador <strong>de</strong> pré-<br />
conceitos, pré-julgamentos e categorias <strong>de</strong> análise pré-concebi<strong>da</strong>s, mas também carregado <strong>de</strong><br />
suas experiências sócio-culturais” (SILVA, 2007, p. 33); iii) as questões éticas <strong>de</strong>v<strong>em</strong> valer<br />
para as crianças na mesma medi<strong>da</strong> que para os adultos; o ponto <strong>de</strong> vista <strong>da</strong> criança <strong>de</strong>ve ser<br />
tomado e compreendido na pesquisa levando-se <strong>em</strong> conta o critério <strong>da</strong> reflexivi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
investigativa e metodológica (SARMENTO, 2000, FERREIRA, 2004 apud SILVA, 2007)<br />
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