O jogo da enunciação em sala de aula e a formação de sujeitos ...
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Professora: Ah, então v<strong>em</strong> me aju<strong>da</strong>r!<br />
Maurício: Êba!!<br />
Professora: Um <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> vez! Fazer o balão do cochicho, Úrsula, aqui no meio. B<strong>em</strong> bonito lá no quadro...<br />
Vamos lá, maiorzinho, Maurício!<br />
Maurício: Mais gran<strong>de</strong>?<br />
Professora: Tá bom assim!<br />
Maurício: Êêê! Eu sou o máximo! (sai <strong>da</strong>nçando). Depois diz para a colega:<br />
Caraca! Você fez pequenininho! Parec<strong>em</strong> mil balões!<br />
Paulo: Parece um trovão, não é, tia?<br />
Professora: É, exatamente!<br />
Ricardo: Pra mostrar que alguém está gritando.<br />
Maurício: Ah, socorro, sou uma bicha! Tia, se ela não conseguir, me chama, hein!<br />
Úrsula erra ao escrever a palavra grito.<br />
Professora: Não, G-R-I-T-O! Como é que escreve grito? Vamos aju<strong>da</strong>r a colega?<br />
Paulo: g, r, i, t e o.<br />
Alguém grita: Tá, ela já sabe!<br />
Professora: Já falamos do balão <strong>da</strong> fala, do pensamento, do cochicho, do sono, <strong>da</strong> dúvi<strong>da</strong>,...<br />
Maurício: Deixa eu <strong>de</strong>senhar, tia!<br />
Professora: Então, ficou faltando o <strong>da</strong> dúvi<strong>da</strong>. O <strong>da</strong> dúvi<strong>da</strong> é esse aqui!<br />
Maurício: Tia, a Tatiana não sabe <strong>de</strong>senhar na<strong>da</strong>, se ela errar, eu vou <strong>de</strong>senhar (Filmag<strong>em</strong> <strong>em</strong> 22/09/08).<br />
5.2 A Dinâmica <strong>da</strong> autoavaliação<br />
A turma <strong>da</strong> professora Salete ain<strong>da</strong> se submetia diariamente a uma outra dinâmica,<br />
<strong>de</strong>ntro <strong>da</strong>quela que a educadora <strong>de</strong>nominava <strong>de</strong> apadrinhamento. Era o momento <strong>da</strong><br />
“Reflexão, propósitos e autoavaliação”, conforme ela mesma relata:<br />
Evento X<br />
Todo dia t<strong>em</strong> a reflexão e os propósitos. À medi<strong>da</strong> que precisa a gente acrescenta. No final <strong>da</strong> <strong>aula</strong>, a gente faz<br />
auto-avaliação. Peço para as crianças adiantar<strong>em</strong> cabeçalho <strong>em</strong> casa. Na auto-avaliação eu uso aquela <strong>da</strong>s<br />
carinhas: alegre, MB; mais ou menos, B; cara triste, R. Uso também mímicas na auto-avaliação. Quando a<br />
criança <strong>de</strong>senhar a carinha triste, a gente vai discutir o porquê, o que não <strong>de</strong>u certo. E eles já sab<strong>em</strong>, têm<br />
noção, se foi por causa <strong>da</strong> bagunça... É muito bom. Ou eu posso fazer através <strong>de</strong> perguntas (Entrevista com a<br />
professora Salete, dia 08/07/2008).<br />
Numa <strong>da</strong>s observações realiza<strong>da</strong>s no campo, dia 09 <strong>de</strong> set<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 2008, pu<strong>de</strong><br />
presenciar uma <strong>de</strong>stas autoavaliações. A professora promoveu um momento para as crianças<br />
refletir<strong>em</strong> sobre o que fizeram e esta é uma postura positiva <strong>em</strong> sua prática. Já que as crianças<br />
precisam passar para o plano <strong>da</strong> representação/linguag<strong>em</strong> aquilo que está no plano <strong>da</strong> ação.<br />
Evento XI<br />
A professora colocou o filme Asterix a pedido do grupo. Algumas crianças optaram por <strong>de</strong>senhar. Por<br />
várias vezes, a professora chamou a atenção. Os alunos conversavam muito, não só os que ficaram vendo o<br />
filme, mas todos. Antes <strong>de</strong> terminar o filme, Úrsula saiu correndo e a professora resolveu parar tudo e fazer<br />
uma auto-avaliação:<br />
-Úrsula, você saiu como uma <strong>de</strong>svaira<strong>da</strong>!<br />
- Não. Eu não saí como você está falando – disse Úrsula.<br />
A professora acabou man<strong>da</strong>ndo todos se sentar<strong>em</strong> e abaixar<strong>em</strong> as cabeças para refletir<strong>em</strong> sobre o<br />
comportamento. Depois, colocou duas alunas <strong>em</strong> foco: Úrsula, extroverti<strong>da</strong>, e Elisa, introverti<strong>da</strong>.<br />
- Vamos conversar sobre as atitu<strong>de</strong>s <strong>de</strong> vocês saindo correndo <strong>de</strong>sse jeito – disse a professora.<br />
A aluna introverti<strong>da</strong> praticamente não se <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>u, mas a extroverti<strong>da</strong> argumentou, admitindo que não<br />
foi legal o que havia feito.<br />
- Miguel, você estava perto. O que viu? Disse a professora.<br />
- Não vi muito b<strong>em</strong> – respon<strong>de</strong>u ele.<br />
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