O jogo da enunciação em sala de aula e a formação de sujeitos ...
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(iii) que somente o respeito mútuo nas relações interindividuais po<strong>de</strong> formar valores morais,<br />
possibilitando a substituição <strong>da</strong> heteronomia, característica do respeito unilateral, pela<br />
autonomia necessária ao respeito mútuo, pois as relações <strong>de</strong> autori<strong>da</strong><strong>de</strong> e <strong>de</strong> reciproci<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
entre adultos e crianças ou entre as crianças conduz<strong>em</strong> a que a responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> seja assumi<strong>da</strong><br />
livr<strong>em</strong>ente (PIAGET, 1980).<br />
Conforme Marchezan (2006), no cotidiano, as palavras são dilacera<strong>da</strong>s por suas<br />
contradições vivas e re-significa<strong>da</strong>s <strong>de</strong> forma novamente e s<strong>em</strong>pre provisória. Às vezes<br />
eleva<strong>da</strong>, outras vezes, rebaixa<strong>da</strong>. Segundo a autora, Vigotski aponta para uma<br />
intersignificação social dos discursos, na zona <strong>de</strong> interseção e <strong>de</strong> cruzamento. As palavras têm<br />
zonas <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento potencial, o que reflete uma polifonia dos ambientes sócio-<br />
discursivos.<br />
5.6 O ensino/aprendizag<strong>em</strong> <strong>da</strong> Língua Portuguesa: entre a experiência <strong>da</strong> capatazia e a<br />
negociação <strong>de</strong> sentidos<br />
Tomar os <strong>sujeitos</strong> <strong>da</strong> pesquisa como heróis, ouvir os diferentes <strong>sujeitos</strong> diretamente<br />
envolvidos neste <strong>jogo</strong> enunciativo... Por que a pesquisa do cotidiano imediato <strong>de</strong>ssas<br />
crianças? Como o processo <strong>de</strong> consoli<strong>da</strong>ção <strong>da</strong> alfabetização <strong>da</strong> criança é influenciado pelo<br />
modo <strong>de</strong> orientação <strong>da</strong><strong>da</strong> ao <strong>jogo</strong> enunciativo? Os espaços nos quais essas crianças estão<br />
inseri<strong>da</strong>s favorec<strong>em</strong> a dialogici<strong>da</strong><strong>de</strong>? Um aluno consoli<strong>da</strong> melhor sua alfabetização quando<br />
vivencia esta dialogici<strong>da</strong><strong>de</strong>?<br />
Conhecer o cotidiano escolar <strong>de</strong>sses <strong>sujeitos</strong> foi fun<strong>da</strong>mental para analisar a relação<br />
entre o <strong>jogo</strong> enunciativo e o processo <strong>de</strong> consoli<strong>da</strong>ção <strong>da</strong> alfabetização. O que me motivou,<br />
senão um inevitável fascínio e um incentivo a não <strong>de</strong>sistir <strong>da</strong> luta, um intuito muito forte <strong>de</strong><br />
contribuir para que as crianças possam se consoli<strong>da</strong>r como autores e leitores, como<br />
enunciadores <strong>de</strong> discursos nesse processo interlocutivo? Não pod<strong>em</strong>os querer nenhum<br />
<strong>de</strong>sfecho <strong>de</strong>finitivo n<strong>em</strong> selar o <strong>de</strong>stino <strong>de</strong> nenhum aluno.<br />
Pelas observações <strong>em</strong> <strong>sala</strong> <strong>de</strong> <strong>aula</strong>, através <strong>de</strong> diferentes procedimentos<br />
metodológicos, busquei centrar as atenções nas relações dialógicas entre os <strong>sujeitos</strong> do/no<br />
cotidiano escolar <strong>em</strong> que se processa o ensino-aprendizag<strong>em</strong>; especificamente, durante as<br />
ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s linguísticas, metalinguísticas e epilinguísticas, consi<strong>de</strong>rando <strong>de</strong> ant<strong>em</strong>ão o caráter<br />
complexo e multifacetado <strong>da</strong> linguag<strong>em</strong><br />
Traz<strong>em</strong>os para o cotidiano <strong>da</strong> <strong>sala</strong> <strong>de</strong> <strong>aula</strong> muitos projetos utópicos. A interação<br />
dinâmica <strong>de</strong> po<strong>de</strong>res <strong>em</strong> <strong>sala</strong> <strong>de</strong> <strong>aula</strong> é uma utopia que persegue a geração <strong>de</strong> mais po<strong>de</strong>res e<br />
rompe com a tentativa <strong>de</strong> onipotência e heg<strong>em</strong>onia. Mas dizia Arendt (2005) que muitos dos<br />
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