19.04.2013 Views

O jogo da enunciação em sala de aula e a formação de sujeitos ...

O jogo da enunciação em sala de aula e a formação de sujeitos ...

O jogo da enunciação em sala de aula e a formação de sujeitos ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Evento XXXVI<br />

Durante o reagrupamento, os alunos percorreram as diferentes personagens folclóricas: Boitatá, Negrinho do<br />

Pastoreio, a Iara... Com muita participação <strong>de</strong>stes dois grupos. Fui até a outra <strong>sala</strong> on<strong>de</strong> estavam as duas<br />

outras meta<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> turma envolvi<strong>da</strong> neste reagrupamento: 1202 e 1303.<br />

Do aluno <strong>da</strong> turma 1303 para a professora <strong>da</strong> turma 1202, enquanto tenta <strong>de</strong>senhar a Mula-S<strong>em</strong>-Cabeça:<br />

Thiago: Tia, a Mula-S<strong>em</strong>-Cabeça, não t<strong>em</strong> boca, não!<br />

Professora Marisa: Não t<strong>em</strong> boca.<br />

Thiago: Então! A senhora falou que o fogo sai pela boca, mas ela só t<strong>em</strong> o pescoço (Fita “Reagrupamento” <strong>em</strong><br />

12/08/08).<br />

A professora Marisa não disse mais na<strong>da</strong>. Teria talvez optado por não <strong>de</strong>smitificar a<br />

personag<strong>em</strong>, consi<strong>de</strong>rando importante que isso <strong>de</strong>vesse ser feito pelo próprio aluno? Teria<br />

sido melhor esten<strong>de</strong>r este diálogo com a criança? Para qu<strong>em</strong> seria melhor?<br />

Esse mesmo aluno me chamou a atenção durante uma ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> sobre linguag<strong>em</strong><br />

verbal e não-verbal realiza<strong>da</strong> pela sua professora Salete.<br />

Evento XXXVII<br />

Thiago: A parte interessante, tia!<br />

Professora: Ah, <strong>de</strong>ssa história, foi essa? Ah, essa parte aqui é a linguag<strong>em</strong> não-verbal! T<strong>em</strong> alguma coisa<br />

escrita?<br />

Thiago: Aqui, ele está pensando.<br />

Professora: Como vocês enten<strong>de</strong>ram esta história aqui?<br />

Thiago: Nas cavernas, no caso <strong>de</strong>sta história aqui, eles não sabiam falar... só pensavam.<br />

Professora: E os <strong>de</strong>senhos falam? Pod<strong>em</strong>os fazer uma leitura através dos <strong>de</strong>senhos?<br />

Thiago: Pod<strong>em</strong>os.<br />

Professora: Alguém quer aju<strong>da</strong>r o amigo, aí, falando alguma coisa? Começou aqui a história?<br />

Thiago: Tia, t<strong>em</strong> um balão do pensamento aqui, só que não t<strong>em</strong> na<strong>da</strong> falado, aí!<br />

Professora: Exatamente, porque está através do <strong>de</strong>senho, não é? Chama-se linguag<strong>em</strong> não-verbal, a linguag<strong>em</strong><br />

que não está escrita, ela está representa<strong>da</strong> através do <strong>de</strong>senho. No caso <strong>da</strong>qui, a linguag<strong>em</strong> está escrita “a<br />

tesoura”, verbal. E aqui, está a linguag<strong>em</strong> não-verbal que é a linguag<strong>em</strong> registra<strong>da</strong> através dos <strong>de</strong>senhos.<br />

Como você falou... Des<strong>de</strong> a época <strong>da</strong>s cavernas já era registrado nas cavernas os <strong>de</strong>senhos e já se faziam a<br />

leitura <strong>da</strong>quilo (Fita “Linguag<strong>em</strong> verbal e não verbal <strong>em</strong> 22/09/08).<br />

Na ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, as próprias ações ocorri<strong>da</strong>s durante o trabalho sobre a linguag<strong>em</strong><br />

explicariam melhor as noções que a professora preten<strong>de</strong>u explicar. Além disso, quando ela<br />

refere-se à linguag<strong>em</strong> não-verbal, como ausência <strong>da</strong> escrita e presença <strong>de</strong> <strong>de</strong>senhos, revela um<br />

gran<strong>de</strong> equívoco; enquanto seu aluno Thiago d<strong>em</strong>onstrou uma compreensão sobre os dois<br />

fenômenos <strong>da</strong> comunicação. Por uma maior valorização <strong>de</strong> sua fala, Thiago po<strong>de</strong>ria ter<br />

contribuído com todo o grupo para a <strong>formação</strong> <strong>de</strong>sses conceitos, talvez, até mesmo, sendo<br />

capaz <strong>de</strong> relacioná-los com atitu<strong>de</strong>s, gestos e entonações do cotidiano <strong>da</strong> <strong>sala</strong> <strong>de</strong> <strong>aula</strong>. Isso<br />

r<strong>em</strong>ete-nos a duas outras questões: a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> e a provisorie<strong>da</strong><strong>de</strong> do silêncio, a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

e a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> planejar e organizar o falar do professor e dos alunos: questões <strong>de</strong> forma e<br />

conteúdo no <strong>jogo</strong> enunciativo <strong>em</strong> <strong>sala</strong> <strong>de</strong> <strong>aula</strong> com crianças pequenas. Po<strong>de</strong>ríamos falar <strong>da</strong><br />

ocorrência <strong>de</strong> uma pseudodialogia ou <strong>de</strong> diversos monólogos <strong>em</strong> classe já apontados<br />

anteriormente.<br />

169

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!