O jogo da enunciação em sala de aula e a formação de sujeitos ...
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e que me levaram a um novo olhar sobre o papel <strong>da</strong>s interações entre os <strong>sujeitos</strong> <strong>em</strong> <strong>sala</strong> <strong>de</strong><br />
<strong>aula</strong>. Os espaços nos quais as crianças estão inseri<strong>da</strong>s e a forma como estão organizados<br />
favorec<strong>em</strong> a dialogici<strong>da</strong><strong>de</strong>? Um aluno consoli<strong>da</strong> melhor sua alfabetização quando vive <strong>em</strong> um<br />
ambiente escolar que valorize um dialogismo incessante?<br />
A princípio, uma criança, b<strong>em</strong> como qualquer outro indivíduo, ao se apropriar dos<br />
recursos linguísticos básicos <strong>de</strong> sua língua materna e do sist<strong>em</strong>a notacional <strong>da</strong> escrita<br />
alfabética, <strong>de</strong>veria ser capaz <strong>de</strong> iniciar um processo discursivo ca<strong>da</strong> vez mais autônomo e<br />
mais complexo para expressar suas posições, idéias e <strong>em</strong>oções; após ter passado por um<br />
processo alfabetizador, <strong>de</strong>ve ter condições <strong>de</strong> a<strong>de</strong>ntrar, <strong>de</strong> forma ca<strong>da</strong> vez mais complexa,<br />
pelo mundo <strong>da</strong> linguag<strong>em</strong> escrita que o leve a conjugar intenção e situação comunicativa, a<br />
i<strong>de</strong>ntificar e escolher os gêneros discursivos <strong>de</strong> acordo com os interlocutores, conforme<br />
orientações dos PCNs.<br />
Efetivamente, pretendi respon<strong>de</strong>r a algumas questões probl<strong>em</strong>atizadoras sobre as quais<br />
<strong>de</strong>stacarei aspectos que possam mais contribuir para a discussão sobre o t<strong>em</strong>a investigado na<br />
busca <strong>de</strong> soluções e inovações, que venham a favorecer o processo <strong>de</strong> consoli<strong>da</strong>ção <strong>da</strong><br />
alfabetização. Pretendi analisar e compreen<strong>de</strong>r os encontros entre os <strong>sujeitos</strong>/autores<br />
constitutivamente dialógicos e polifônicos no curso dos processos <strong>de</strong> ensino/aprendizag<strong>em</strong> <strong>da</strong><br />
Língua Portuguesa; as interações entre os <strong>sujeitos</strong> na <strong>sala</strong> <strong>de</strong> <strong>aula</strong>; as tensões presentes nas<br />
relações que se estabelec<strong>em</strong> entre os <strong>sujeitos</strong>, a tendência à massificação, ao apequenamento e<br />
à reificação dos <strong>sujeitos</strong> inseridos no cotidiano <strong>de</strong> uma <strong>sala</strong> <strong>de</strong> <strong>aula</strong>; as possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> <strong>sala</strong><br />
<strong>de</strong> <strong>aula</strong> como um espaço e t<strong>em</strong>po nos quais se privilegiam o dialogismo e a polifonia humana;<br />
as condições <strong>em</strong> que o professor <strong>de</strong>senvolve o trabalho pe<strong>da</strong>gógico com a leitura e a escrita.<br />
A coleta <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos se <strong>de</strong>u a partir <strong>de</strong> diversos procedimentos metodológicos, como:<br />
observação participante com registro <strong>de</strong> campo com e s<strong>em</strong> recurso audiovisual; entrevista<br />
s<strong>em</strong>iestrutura<strong>da</strong> com a professora <strong>da</strong> turma, ro<strong>da</strong>s <strong>de</strong> conversa com as crianças; leitura <strong>de</strong><br />
produções textuais dos alunos e <strong>da</strong> professora.<br />
Para a realização <strong>da</strong> pesquisa <strong>de</strong> campo, estive numa <strong>sala</strong> <strong>de</strong> <strong>aula</strong> <strong>de</strong> uma escola<br />
pública <strong>da</strong> re<strong>de</strong> municipal <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong> do Rio <strong>de</strong> Janeiro, situa<strong>da</strong> num bairro <strong>da</strong> Zona Sul<br />
durante o período <strong>de</strong> cinco meses. A turma <strong>de</strong> 3º ano do Ensino Fun<strong>da</strong>mental era forma<strong>da</strong> por<br />
trinta e uma crianças, cujas i<strong>da</strong><strong>de</strong>s variavam entre oito e nove anos. Muitas <strong>de</strong>las já haviam<br />
sido meus alunos <strong>em</strong> anos anteriores ao <strong>da</strong> realização <strong>da</strong> pesquisa, alguns até mesmo na<br />
Educação Infantil e alfabetização.<br />
Utilizei a metodologia observacional e a observação participante permeou<br />
praticamente todos os procedimentos utilizados. A seleção dos atos enunciativos ocorridos<br />
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