O jogo da enunciação em sala de aula e a formação de sujeitos ...
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Foi imbuí<strong>da</strong> <strong>de</strong>ste sentimento e <strong>de</strong>sta disposição que busquei estabelecer relações<br />
efetivamente dialógicas com os <strong>sujeitos</strong> diretamente envolvidos na pesquisa para que foss<strong>em</strong><br />
eles conarradores <strong>de</strong>sta obra científica que me propus realizar.<br />
4.1 A pesquisadora<br />
Esta pesquisa é fruto <strong>de</strong> in<strong>da</strong>gações acerca dos processos <strong>de</strong> ensino e aprendizag<strong>em</strong> <strong>da</strong><br />
Língua Portuguesa nos anos iniciais do Ensino Fun<strong>da</strong>mental, mais especificamente, na fase <strong>de</strong><br />
consoli<strong>da</strong>ção <strong>da</strong> alfabetização. Conforme Costa (2002, p.152), “o olhar inventa o objeto e<br />
possibilita as interrogações sobre ele”. O processo <strong>de</strong> construção do objeto <strong>de</strong> investigação<br />
<strong>de</strong>sta pesquisa iniciou-se precisamente no cotidiano <strong>da</strong>s <strong>sala</strong>s <strong>de</strong> <strong>aula</strong>s <strong>da</strong>s escolas públicas <strong>em</strong><br />
que trabalhei e ain<strong>da</strong> trabalho. Nasceu do <strong>de</strong>sejo e <strong>da</strong> busca por um compromisso ético-<br />
político com uma escola pública on<strong>de</strong> os valores d<strong>em</strong>ocráticos realmente fun<strong>da</strong>ment<strong>em</strong> as<br />
práticas discursivas e pe<strong>da</strong>gógicas e que os educandos, sob nossa orientação e intervenção<br />
pe<strong>da</strong>gógicas, jamais venham fazer parte do “exército” <strong>de</strong> “fracos”, “fracassados”, ou melhor<br />
dizendo, “enfraquecidos”, “minimizados”, “apequenados”.<br />
S<strong>em</strong>pre imaginei a experiência <strong>de</strong> uma criança que não está conseguindo apren<strong>de</strong>r a<br />
ler e a escrever como s<strong>em</strong>elhante àquela <strong>de</strong> quando estamos <strong>em</strong> perigo. A única coisa que<br />
<strong>de</strong>sejamos é que algo ou alguém venha <strong>em</strong> nosso socorro, cruzando aquele lugar exatamente<br />
naquela hora e, mágica ou milagrosamente, nos aju<strong>de</strong> a transpor aquele precipício, aquele<br />
pesa<strong>de</strong>lo. Se nessa situação, alguma coisa ou qualquer pessoa aparece exatamente naquele<br />
local e naquele momento, ao contrário do que <strong>de</strong>sejamos e precisamos, para nos lançar mais<br />
profun<strong>da</strong>mente naquilo que nos amedronta e apavora, então experimentamos o abismo, o<br />
perigo: o fracasso.<br />
A forma na qual se compreen<strong>de</strong> os processos <strong>de</strong> ensino/aprendizag<strong>em</strong> muitas vezes,<br />
junto a outros fatores, produz fracasso escolar, sobretudo, quando não se leva <strong>em</strong> conta os<br />
processos <strong>de</strong> constituição sócio-cultural do sujeito. Neste sentido, compreendo como fraco o<br />
professor que nos primeiros “erros e <strong>de</strong>slizes” do aluno, já começa a rotulá-lo, antes mesmo<br />
<strong>de</strong> qualquer intervenção pe<strong>da</strong>gógica; aliás, tal profissional, com certeza, ou não está<br />
qualificado ou não está disposto a mu<strong>da</strong>r sua atitu<strong>de</strong>.<br />
Por outro lado, o professor t<strong>em</strong> sido historicamente enfraquecido e quase s<strong>em</strong>pre<br />
”ilhado” <strong>em</strong> termos <strong>de</strong> direitos profissionais e no que tange à cooperação e à reciproci<strong>da</strong><strong>de</strong> no<br />
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