'renpI 'I . ~ . NO xxv SERTAO Nessa OuiaM, onde estou de volta depois de 2 anos, teuto saber qual e exatamente a situa~o ao longo da linha telegrRfica, a 500 ou 600 quilometros para 0 norte. Em OuiaM, detesta-se a linha; hll. muitas rawes para isso. Desde a funda~o da cidade, no seculo XVIII, os raros contactos com 0 norte se faziam na dir~o do curso medio do Amazonas, por via fluvial. Para obter 0 estimulante de sua predil~o, 0 guarana, os habitantes de OuiaM lan~avam no Tapajos expedi
TEnPI 276 C. LEVI-STRAUSS Essa situa~ao pesava tanto mais na conscUmcia dos cuiabanos quanta as esperan~as desiludidas tinham, apesar de tUdo, produzido urn resultado modesto mas tangivel, que CO~sistia na -explora~ao do pessoal da linha. Antes de Pl3:rtl~ para 0 sen destino, os empregados deviam escolher em Omaba urn procurador, isto e, urn representante que recebesse ~s salarios, para emprega-Ios segundo as instru~es dos beneflcUirios. Essas instru~es se limitavam geralmente a encomendas de balas de fuzil, de querozene, de sal, de agulhas de costura e de tecidos. Tais mercadorias eram debitadas a pre~o alto, e, gra~as a combina~es entre os procuradores, os comerciantes libaneses e os organizadores das caravanas. A tal ponto que os infelizes perdidos no mato,. ao fim. de alguns aDOS nem na volta podiam mais pensar, lrremedlavelmente endi~idados que estavam. Decididamente, mais v~lia e.sque~er a linha, e meu projeto de utiliza-la como base nao fOl ~~1~0 encorajado. Eu me empenhava em encontrar os sub~oflclals aposentados que tinham side os companheiros .de Ron.don, sem poder tirar-lhes outra coisa senao uma sombrlR ladamha: um pais ruim, muito ruim, mais ruim que qualquer outro. . . Era melhor que nao me metesse por ai. E depois, havia a questlio dos indios. Em 1931, 0 pOsto telegrafico de Parecis, situado numa regHio relativamente freqUentada t a 300 quilometros ao norte de Cuiaba e a somente 80 quilometros de Diamantina, fora atacado e destruido por indios desconhecidos t saidos do vale do Rio do Sangue, qu.e se acreditava desabitado. f.::sses selvagens tinham side batlzados beioos de pau, por causa dos discos que traziam eng~stados no hibio inferior enos lobos das orelhas. Desde entao, suas surtidas se repetiram a intervalos irregulares, a tal ponto que foi preciso deslocar a estrada de cerca de 80 qui 16metros para 0 sui. Qua:nto aos Nhambiquara n6mades que freqUentam os postos intermitentemente, desde 1909, ~uas rela~oes com os brancos tinham sido marcadas de ~anelras diversas. Bastante boas no com~o, pioraram progresslv.amente ate 1925, data em que sete trabalhadores foram convldados pelos indigenas a visitar suas aldeias, onde desaparece:am. A partir desse momento, os Nhambiquara e 0 pessoal da lmha evitavam~se mutuamente. Em 1933, uma missao protestante foi se instalar ,nao longe do pOsto de Juruena; parece que as rela~es logo se azedaram, tendo os indigenas ficad? descontentes com os presentes - insuficientes, segundo se dlZ - com os quais os missionarios agradeceram 0 seu auxflio na cons- TBrSTES TB6PICOS 277 tru~lio da casa e na planta!:1io da horta. Alguns meses mais tarde, urn fndio febril se apresentou' a missao e recebeu publicamente dois comprimidos de aspirina, que tomou; depois do que foi tomar urn banho no rio, teve uma congestao e morreu. Como os Nhambiquara sao peritos envenenadores, concluiram que 0 seu companheiro tinha sido assassinado: urn ataque de represalia verificou-se, durante 0 qual os seis membros da missao eram massacrados, inclusive uma crian~a de dois auos. Somente uma mulher foi encontrada viva por tima expedi~ao de socorro partida de Cuiaba. Sua narrativa, tal como me foi repetida, coincide exatamente com a que me fizeram oS autores do ataque, que desempenharam ao meu lado, durante semanas, 0 papel de companheiros e de informantes. Depois desse incidente e de alguns outros que se seguiram, a atmosfera que reinava ao longo da linha tornou-se tensa. Desde que me foi passivel, na dire~ao dos Correios de CUiaba, entrar em comunica~ao com as principais esta~es (0 que exigia, de cada vez, diversos dias) recebemos as noticias mais deprimentes: aqui, os fndios haviam feito uma surtida amea~adora; la, nao tinham side vistos ha 3 meses, 0 que tambem era mau sinal; em outro lugar, em que outrora trabalhavam, tinham se tornado bravos, etc... unica indiea~ao animadora, ou que me foi dada como tal: ha algumas semanas, tr~s padres jesuitas procuravam instalar-se em Juruena, nos limites da na!:1io nhambiquara, a 600 quil6metros ao norte de CuiaM. Eu poderia ir ate la, informar-me junto dilles e fazer depois os meus pIanos definitivos. Passei, pois, urn m~s em Cuiaba, para organizar a expedi~ao; ja. que me deixavam partir, estava resolvido a ir ate a fim: 6 meses de viagem na esta~ao s~ca, atraves de urn planalto que me descreviam como deserto, sern pastagem e sem ca~a; era preciso, enta~, munir-me de tOda a alimenta('ao, nao somente para os homens mas tambem para os burros que nos serviriam de montaria ate atingirmos a bacia do Madeira, de onde poderiamos continuar de canoa, porque urn burro que nao come milho suficiente nao e bastante forte para viajar. Para transportar os viveres, seriam precisos bois, que sao mais resistentes e contentam-se com 0 que encontram: capiro duro e folhagem. Contudo, eu devia contar que uma fra('ao dos meus bois morresse de fome e de fadiga, e tratar, pois, de obte-Ios em numero suficiente. E como sao precisos tropeiros para conduzi-los, carrega-Ios e descarrega~los em eada trecho percorrido, a minha tropa teria de ser aumenau SOluau S 'e l'EJn'elS }11S9dOJd ( 81"·'eU'eC ·"00"" n ,nb"'!lr n OWO:J 'el! m Ul~ 'p' rna 'l"e!:Ja( l~nbl,nb lfEJuaw -e~ ~poo12 ~( .U~Ul e.)u~ I 'Ol'J ~a' a:J oJu;;)rn JESU! ~p S1 'PIU"SU! . SU! 'p 0~5 ol,,~dSE S! :SEd ~P'PI nb ~UlmS' !dsu! 010. " ~P'P!Ul; ;;)JlO::> S'E C q~"~l ~p ( OA 'p OpE: !l::>-e OWO: op "!"91
- Page 3 and 4:
Idual. :orporaso t6ria do :omo acri
- Page 5 and 6:
'Tlmpl 1 PARTIDA Odeio as viagens e
- Page 7 and 8:
12 O. LEVI-STRAUSS TRISTES TR6pICOS
- Page 9 and 10:
16 O. LEVI-STRAUSS ) ./ TBISTES TB6
- Page 11 and 12:
• 0 t' 'Tlmpl 20 TEcrSTES TB6PICO
- Page 13 and 14:
24 O. LEVI-STRAUSS TBJSTES TR6PICOS
- Page 15 and 16:
·,'CnpI 28 reda~ao dl\ste livro de
- Page 17 and 18:
'rt:npI 32 na imprensa 0 nome desse
- Page 19 and 20:
,"~~~ ,'i' TBISTES TBOPICOS 37 36 t
- Page 21 and 22:
Idual. -~ r6ria do :omo acri :ado d
- Page 23 and 24:
'T-enpI 44 O. LEVI-STRAUSS TBISTES
- Page 25 and 26:
'TEnpl TBISTES Tu6pIOOS 49 COMO VI
- Page 27 and 28:
·renpI 52 " SfOf{:ando-se por se f
- Page 29 and 30:
• ·pmpr o. LEVI-STRAUSS TBISTES
- Page 31 and 32:
60 O. LEVI-STRAUSS TB1STES TB6PICOS
- Page 33 and 34:
',"nPl 64 C. LEVI-STRAUSS TRISTES T
- Page 35 and 36:
dual. ii: \ L oria do omo acri ado
- Page 37 and 38:
.11. 72 O. LEVI-STRAUSS TBISTES TR6
- Page 39 and 40:
~. / ·r"npl 76 O. LEVI-STRAUSS TRI
- Page 41 and 42:
'·'1' . , I TRlSTES TB6PICOS 81 IX
- Page 43 and 44:
'lEnpI 84 c. LE:VI-sTBAUSS hanas de
- Page 45 and 46:
88 O. LEVI-STRAUSS ultima recorda~o
- Page 47 and 48:
92 O. LEVI-STRAUSS zentados, sllhue
- Page 49 and 50:
'T'CnpI TBISTES TR6PICOR 97 SAO XI
- Page 51 and 52:
TlmpI 100 O. LEVI-STRAUSS de algoda
- Page 53 and 54:
104 o. LEVI-STRAUSS TRISTES TB6PICO
- Page 55 and 56:
XII CIDADES E CAJlfPOS \ Em Sao Pau
- Page 57 and 58:
1 I , TEnpI 112 O. LEVI-STRAUSS TBX
- Page 59 and 60:
'TlmpI 116 c. LEVI-STRAUSS TBISTES
- Page 61 and 62:
o. LEVI-STRAUSS das venezianas e a
- Page 63 and 64:
C. LEVI-STBAUSS TBXSTES TB6PICOS 12
- Page 65 and 66:
128 o. LEVI-STRAUSS tidas aos habit
- Page 67 and 68:
'TlmpI 132 O. LEVI-STRAUSS TRISTES
- Page 69 and 70:
·r.npl 136 a mesma revolu!:lio pro
- Page 71 and 72:
'r~npI 140 C. LtVI~STBAUSS Nao reiv
- Page 73 and 74:
·I"npl 144 0. LEVI-STRAUSS TBISTES
- Page 75 and 76:
'["npI 148 C. LEVI~STRAUSS dizer, n
- Page 77 and 78:
'renpl 152 O. LEVI-STRAUSS TBISTES
- Page 79 and 80:
dual. :orporaF' t6ria do :omoacri a
- Page 81 and 82:
160 ~ C. LEVI-STRAUSS ! e que se cl
- Page 83 and 84:
164 O. LEVI-STRAUSS TBISTES TB6PICO
- Page 85 and 86:
'renplA 168 C. LEVI-STRAUSS TBISTES
- Page 87 and 88: 172 O. LEVI-STRAUSS Uma centena de
- Page 89 and 90: I , 176 C. LEVI-STRAUSS I cebidos n
- Page 91 and 92: 180 C. LEVI-STRAUSS TBISTES TB6PICO
- Page 93 and 94: 184 c. LEVI-STRAUSS TRIaTES TB6Plco
- Page 95 and 96: 188 C. LEVI-STBAl:JSS TRISTES Tx6PI
- Page 97 and 98: 192 O. LEVI-STRAUSS TBISTES TB6PIOO
- Page 99 and 100: 196 c. LEVI-STRAUSS TRISTES TBOPICO
- Page 101 and 102: 200 O. LEVI-STRAUSS TBISTES TB6PIOO
- Page 103 and 104: 1 ) 204 O. LEVI-STUUSB da estrutura
- Page 105 and 106: XXI o OURO E OS DIAMANTES Diante de
- Page 107 and 108: ·TEnpI 212 C. LEVI-STRAUSS compost
- Page 109 and 110: 216 TBISTES TB6PICOS 217 em caoo de
- Page 111 and 112: 220 O. LEVI-STRAUSS TBISTES TR6PICO
- Page 113 and 114: \ I ·nmpI. I , : ~ ! 224 O. LEVI-S
- Page 115 and 116: 228 C. LEVI-STRAUSS TRISTES TB6PICO
- Page 117 and 118: 232 TBOCSTES TROPICOS 233 em casa,
- Page 119 and 120: ·,-enpl 236 O. LEVI-STRAUSS TRISTE
- Page 121 and 122: 'renpi O. LEVI-STRAUSS tru
- Page 123 and 124: TEmpi 244 C. LEVI·STRAUSS dade das
- Page 125 and 126: 248 o. LtVI-STBAUSS TBISTES TB6PICO
- Page 127 and 128: 'IOnPI 252 que a noite cai, acende-
- Page 129 and 130: 256 TBISTES 'l'B6PICOS 257 ultimo e
- Page 131 and 132: f • !, XXIV o MUNDO PERDIDO Uma e
- Page 133 and 134: 264 O. LEVI-STRAUSS TRISTES TR6PICO
- Page 135 and 136: 268 O. LEVI-STRAUSS TBISTES 'l'X6PI
- Page 137: °T'Enpl TBISTES TR6PICOS 273 272 O
- Page 141 and 142: 'r"opt 280 TBISTES TROPICOS 281 oud
- Page 143 and 144: I I ! , , II Ii .1 284 Durante a es
- Page 145 and 146: ·T'EnPI . ~ 288 o. LEVI-STRAUSS TB
- Page 147 and 148: 292 C. LEVI-STRAUSS TRISTES TR6PICO
- Page 149 and 150: TlmpI 296 O. LEVI-STRAUSS ~ I t,
- Page 151 and 152: Tlmpl 300 C. LEVI-STRAUSS TBISTES T
- Page 153 and 154: TtmpI 304 O. LEVI-STRAUSS TBISTES T
- Page 155 and 156: i I I, 308 TBISTES TJWPICOS 309 l'
- Page 157 and 158: 'nmpl i I I [ XXVIII LIQAO DE ESCRI
- Page 159 and 160: 'r,npr I 316 O. LEVI-STRAUSS TBISTE
- Page 161 and 162: 320 o. LEVI-STRAUSS TBISTES TR6PICO
- Page 163 and 164: ·"nPI TBISTES TR6PICOS 325 XXIX HO
- Page 165 and 166: [ I : ! 'r"nPI 328 c. LtVI~STRAUSS
- Page 167 and 168: Tlmpi 332 c. LEVI-STRAUSS TBISTES T
- Page 169 and 170: 336 O. LEVI-STRAUSS tern 0 poder, m
- Page 171 and 172: ·TBnpr ! ! I DE xxx PIROGA En deix
- Page 173 and 174: 344 C. LEVI-STRAUSS rio, enquanto u
- Page 175 and 176: 'TEnpI 348 C. LEVI-STRAUSS TBISTES
- Page 177 and 178: 1 I 352 O. LEVI~STR.AUSS TBISTES TI
- Page 179 and 180: 356 o. LEVI-STRAUSS 'l'BIS'I'ES TB.
- Page 181 and 182: NA XXXII FLORESTA Desde a iufAncia,
- Page 183 and 184: , 364 C. LEVI-STRAUSS TBISTES TR6PI
- Page 185 and 186: 368 o. LfVI-STRAUSS ~STES TBOPICOS
- Page 187 and 188: J 372 pore representem a panta mais
- Page 189 and 190:
374 O. LEVI-STRAUSS TBlSTES TB6PICO
- Page 191 and 192:
·r-enpl 378 C. LEVI-STRAUSS TBISTE
- Page 193 and 194:
382 c. LEVI-STRAUSS TlUSTES TIWPICO
- Page 195 and 196:
'r1:npl \ I TBISTES Tx6PIOOS 387 xx
- Page 197 and 198:
390 c. Li:VI-STBAUsS TRISTES TR6PIC
- Page 199 and 200:
·TtmpI 394 O. LEVI-STRAUSS TBISTES
- Page 201 and 202:
ldual. 'II ,:1 , ! t6ria do :omoa c
- Page 203 and 204:
'l"Enpl 402 o. LEVI-STRAUSS TBISTES
- Page 205 and 206:
Tonpi 406 O. LEVI-STRAUSS TBISTES T
- Page 207 and 208:
Tenpr ;1 I i , i I .( I " 'j I '.'
- Page 209 and 210:
414 TBlSTES TB6PIOOS 415 gica ou re
- Page 211 and 212:
,1 418 o. LEVI-STRAUSS TBISTES TB6P
- Page 213 and 214:
422 O. LEVI-STRAUSS TBISTES TR6PICO
- Page 215 and 216:
426 o. LEVI-STRAUSS TBISTES TR6PICO
- Page 217 and 218:
430 C. LEVI-STRAUSS TBJSTES TB6PICO
- Page 219 and 220:
'l'enpI 434 C. LEVI-STRAUSS TRISTES
- Page 221 and 222:
'T'Enpf 438 C. lEVI-STRAUSS A essa
- Page 223 and 224:
442 O. LEVI-STRAUSS TRISTES TB6PIOO
- Page 225:
Tlmpl. 24 - Dois homens nanbik-wara