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XXVIII<br />
LIQAO DE ESCRITA<br />
Pelo menos indiretamente, eu desejava conhecer 0 nlimero<br />
aproximado da poPuia~ao nhambiquara. Em 1915, Rondon<br />
estimara-a em 20.000, 0 que era provavelmente exagerado;<br />
mas, naquela epoca, os bandos alcan~avam diversas centenas<br />
de membros e tOdas as indica!:6es recolhidas junto it linha<br />
sugeriam um declinio rapido: ha 30 anos, a fra~ao couhecida<br />
do grupo Saban8 compreendia mais de 1.000 indivfduos; quando<br />
0 grupo visitou a esta~ao telegrafica de Campos Novos,<br />
em 1928, recensearam-se 127 horneus, mais as muIheres e crian<br />
~s. Em novembro de 1929, contudo, uma epidemia de gripe<br />
manifestou-se, quando 0 grupo acampava no Ingar chamado<br />
Espirro. A doen~a evoluiu para uma forma de edema pulmonar,<br />
e 300 indigenas morreram em 48 horas. Todo 0 grapo<br />
debandou, deixando para tras os enfermos e os moribundos.<br />
Dos 1.000 Saban8 outrora conhecidos, 19 homens apenas subsistiam<br />
em 1938, com suas muIheres e fUhos. A epidemia,<br />
deve-se, talvez, juntar, para explicar esses nlimeros, que os<br />
Sabane se puseram em guerra ha alguns aDOS contra certos<br />
vizinhos orientais. Mas urn grande grupo instalado nao muito<br />
longe dos Tr8s Buritis, foi liquidado pela gripe em 1927, salvo<br />
6 ou 7 pessoas das quais sornente 3 estavam ainda vivas em<br />
1938. 0 grupo Tarund8, outrora urn dos mais importantes,<br />
contava 12 homens (mais as mulheres e as crian~as) em 1936;<br />
desses 12 hornens, 4 sobreviviam em 1939.<br />
Qual era a situa~ao atualmente? Pouco mais de 2.000<br />
indigenas, sem duvida, dispersos atraves do territ6rio. Eu<br />
nao podia pensar num recenseamento sistematico por causa<br />
da hostilidade permanente de certos grupos e da mobilidade<br />
de todos os bandos durante 0 periodo nomade. Mas procurei<br />
convencer os meus amigos de Utiariti a me levar para a sua<br />
aldeia, depois de ali ter organizado uma especie de encontro<br />
com outros bandos, parentes ou aliados; assim poderia eu<br />
TlUBTES TB6PICOS 313<br />
estimar as dimens5es atuais dum ajuntamento e compara-Ias<br />
em valor relativo com os precedentemente observados. Prometi<br />
levar presentes, fazer trocas. 0 chefe do bando hesftava:<br />
nao estava seguro dos seus eonvidados, e se meus companheiros<br />
e eu pr6prio viessemos a desaparecer nessa regiao em que<br />
nenhum braneo havia penetrado desde 0 assassfnio dos sete<br />
operarios da linha telegrafica, em 1925, a paz precaria entao<br />
reinante poderia ficar eomprometida por muito tempo.<br />
Finalmente, ele aceitou, sob a eondi¢o de que reduzissemos<br />
nosso equipamento: levariamos apenas quatro bois para<br />
carregar os presentes. Mesmo assim, seria preciso desistir de<br />
tomar as pistas habituais, no fundo de vales entupidos de<br />
vegeta~o onde os animais nao poderiam passar. Irfamos pelo<br />
planalto, seguindo urn itinerario improvisado para as circunstl1ncias.<br />
Essa viagem, que era muito arriscada, aparece-me hoje<br />
como um epis6dio grotesco. Mal haviamos deixado Juruena,<br />
meu colega brasileiro observou a ausencia das mulheres e das<br />
crian~as: apenas os homens nos acompanhavam armados de areo<br />
e flechas. Na literatura de viagem, tais circunstftncias anundam<br />
urn ataque iminente. Avan~avarnos, pais, tornados de sentimentos<br />
confusos, verificando de tempos em tempos a posi~ao<br />
dos nossos rev6lveres Smith e Wesson (nossos hornens pronunciavam<br />
"Cemite. Vechetone") e de nossas carabinas. Vaos<br />
temores: pela metade do dia, encontnivamos 0 resto do bando<br />
que 0 chefe previdente fizera partir na v~spera, sabendo que<br />
nossos burros marchariam mais depressa do que as mulheres<br />
carregadas com seus cestos e prE;sas pela crianf:Rda.<br />
Pouco depois, entretanto, OS indios se perderam: 0 novo<br />
itinerario era menos simples do que haviam imaginado. Ao<br />
anoitecer, foi preciso parar no mato; tinham-nos prometido<br />
ca~a, os indigenas contavam com as nossas carabinas e nada<br />
haviam trazido, n6s nao possuiamos senao as provisoes de<br />
socorro, que era impossfvel dividir entre todos. Urn bando de<br />
veados que passava junto de uma fonte fugiu com a nossa<br />
aproxima~ao. Na manha seguinte reinava um descontentamento<br />
geral, visando ostensivamente 0 chefe tido como responsavel<br />
por um neg6cio que tinhamos, ele e eu, combinado.<br />
Em lugar de empreender uma expedi~ao de ca~ ou de colheita,<br />
eada urn decidiu deitar-se a sombra dos abrigos, e deixar ao<br />
chefe, sozinho, a solu~ao do problema. 1i:le desapareceu, acompanhado<br />
por uma das suas mUlheres; ao anoitecer, vimo-Ios<br />
voltar, com os pesados cestos cheios de gafanhotos, que tinham<br />
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