1 I,' , ·,onpl 190 o. LEVI-STBAUSS TBISTES Tx6PICOS 191 tftulos de "Don" e "Dona". Contava-se entao que uma mulher branca nada tlnha a temer, se capturada pelos Mbala, pois nenhum guerreiro·desceria a manchar 0 sen sangue com tal uniao. Algumas senhoras Mbaia recusaram-se a encontrar-se com a eSpOsa do vice-rei pela ramo de que sbmente a rainha de Portugal seria digna do sen comercio; outra, ainda menina e conhecida pelo nome de :Dona Catarina, declinon urn convite do governador de Mato Grosso, para ir a Cuiaba;.como jll era . mibil, esse senhor, pensava ela, te-Ia-ia pedido em casamento e nao Ihe era possivel nem fazer esse matrim6nio desigual nem ofende-Io com a sua recusa. Nossos indios eram mon6gamos; mas as adolescentes preferiam as v~es seguir os guerreiros nas suas aventuras; elas Ihes serviam de escudeiros;, de pagens e de amantes. Quanto as senhoras nobres, mantinham chichisbeus, que, frequentemente, eram tambern seus amantes sem que os maridos se dignassem manifestar urn ciume que lhes faria perder a dignidade. Essa sociedade se mostrava muito avessa aoo sentirnentos que consideramos naturais; assim, experimentava uma viva repugnancia pela procrla!%o. 0 aMrto e 0 infanticidlo eram praticados de maneira quase normal, a tal ponto que a perpetua~ao do grupo se efetuava por ad~ao mais do que por gera~ao, um dos prlncipais objetivos das expedic;iles guerreiras sendo Q de obter crian~as. Assim, calculava-se, no inido do seculo XIX, que 10% apenas dos membros de um grupo guaicuru Ihe pertencessem pelo sangue. Quando as crian~as conseguiam nascer, nao eram criadas pelos pais, mas confiadas a outra familia, e 86 raramente visitadas pelos seus; assim eram guardados, ritualmente recobertos dos pes a cab~, de tlnta preta - e designados por urn nome que os indigenas aplicaram aos negros quando vieram a conheee-Ios - ate os catorze anos, quando eram iniciados, lavados e raspados de uma das duas coroas concentricas de cabelos que ate entao tinham usado. Entretanto, 0 nascimento de crian~as de alta condi!%o era ocasiiio de festas que se repetiam em cada etapa do seu crescimento: a desmama, os primeiros passos, a participarao nos brinquedos, etc. Os arautos proclamavam os titulos da familia e profetizavam ao recem-nascido urn futuro glorioso~ designava-se outra crian~, nascida no mesmo momento, para se tornar seu irmao de armas; organizavam-se bebedeiras, durante as quais 0 hidromel era servido em vasos formadoo de chifres ou de crftnios; as mtilheres, tomando 0 equipamento ';' dos guerreiros, afrontavam-se em combates simulados. Os TIobres, sentados de acordo com a sua importi1ncia, eram servidos por escravos que DaD tinham 0 direito de beber, a fim de estar em condi~es de ajudar os seussenhores a vornitar, em caso de necessidad€, e de cuida-Ios ate que dormissem na expectativa das visiles deliciosas que Ihes proporcionaria a -embriaguez. Todos eases Davi, Alexandre, Cesar, Carlos Magno; essas Raque}, Judite, Palas e Argina; esses Heitor, Ogier, Lancelo e Laire fundavarn a sua soberba silbre a certeza de que estayarn predestinados a dirigir a humanidade, Isso Ihes era garantido por um mito, de que conhecemos apenas fragmentos mas que, depurado pelos seculos, resplende de uma simplicidade adrniravel: a forma mais concisa dessa evidencia, de que minha viagem ao Qriente me devia penetrar mais tarde, isto e, que 0 grau de servidao e fun~ao do carliter fiuito da socledade. Eis aqul esse mito:, quando 0 ser supremo, Gonoenhodi, decidiu criar os homens, tiran primeiro da terra os Guana, depois as Qntras tribos; nos primeiros, deu a agricultura, e a ca~ as segundas. 0 Enganador, que e a outra divlndade do panteao Indigena, percebeu, entllo, que os Mbaia tinham side esquecidos no fundo do buraco e os fez sair; mas, como nada mais lhes restasse, tiveram direito a unica fun~ao ainda dlsponlvel, a de oprlmlr e explorar os outros. Houve jamals Contrato Social mals profundo do que este? Essas personagens de romances de cavalaria, absorvidas no seu j6go cruel de prestiglo e domlnac;iles no selo de uma ~iedade que merece duplamente ser chamada "a l'emportepiece", criaram uma arte grafica cujo estilo nao se pode comparar a quase nada do que a America precolombiana nos deixou e que nao se parece com coisa alguma, salvo com as flguras dos nossos baralhos. Ja flz alusao a Isso atras, mas quero agora descrever esse tra~o extraordimirio da cultura caduveo. Em nossa trlbo, os homens sao escultores e as mulheres saO pintoras. Os homens modelam, na madeira dura e azulada do guaiaco, os sa:qtoes de que falei; tambem decoram, em relevo, OS cornos do zebu que lhes servem de xfcaras, com figuras de homens, de emas e de cavalos; e desenham as vezes, mas sempre para representar folhagen~, seres humanos ou animais. As mulheres sao reservadas a decorac;ao da ceramica e das peles e as plnturas corporals, nas quais algumas delas sao perltas Incontestavels. ;;>u SOlU;;>l ·S 'E l'Elnel~ ll!S9dOld SI,,''CU'E 1 ',,,m,,!,, T mb 0 lO!1' n oWOJ'EJ :oJ W, op' jW' 'jOI'" 1,nb[onb 'reJu;;>w 1::: 'pmlll" 'U;;>W'EJU;;l I 'OlOJ'O I;;>::> OlU;;>W 'Jesu! ;;>p S1 :rep!UESU! SU! op O~) )olJJdse S! ;sod 'POp! mb 'WnjS l!dsUJ OlU' ""POP!Ul; U;;>llO:J S'E ( 'q''''l 'p ( 'OA op op. :JlJ:) E OlliO' , .
192 O. LEVI-STRAUSS TBISTES TB6PIOOS 193 j F I ! Seu rosto, as vezes tanibiim 0 corpo inteiro, slio cobertos dum entrela~ado de arabescos assimetricos alternando com motivos de uma geometria sntil. 0 primeiro a descreve-Ios foi 0 missiomirio jesufta Sancbez-Labrador que viveu entre eles de 1760 a 1770; mas, para reprodu
- Page 3 and 4:
Idual. :orporaso t6ria do :omo acri
- Page 5 and 6:
'Tlmpl 1 PARTIDA Odeio as viagens e
- Page 7 and 8:
12 O. LEVI-STRAUSS TRISTES TR6pICOS
- Page 9 and 10:
16 O. LEVI-STRAUSS ) ./ TBISTES TB6
- Page 11 and 12:
• 0 t' 'Tlmpl 20 TEcrSTES TB6PICO
- Page 13 and 14:
24 O. LEVI-STRAUSS TBJSTES TR6PICOS
- Page 15 and 16:
·,'CnpI 28 reda~ao dl\ste livro de
- Page 17 and 18:
'rt:npI 32 na imprensa 0 nome desse
- Page 19 and 20:
,"~~~ ,'i' TBISTES TBOPICOS 37 36 t
- Page 21 and 22:
Idual. -~ r6ria do :omo acri :ado d
- Page 23 and 24:
'T-enpI 44 O. LEVI-STRAUSS TBISTES
- Page 25 and 26:
'TEnpl TBISTES Tu6pIOOS 49 COMO VI
- Page 27 and 28:
·renpI 52 " SfOf{:ando-se por se f
- Page 29 and 30:
• ·pmpr o. LEVI-STRAUSS TBISTES
- Page 31 and 32:
60 O. LEVI-STRAUSS TB1STES TB6PICOS
- Page 33 and 34:
',"nPl 64 C. LEVI-STRAUSS TRISTES T
- Page 35 and 36:
dual. ii: \ L oria do omo acri ado
- Page 37 and 38:
.11. 72 O. LEVI-STRAUSS TBISTES TR6
- Page 39 and 40:
~. / ·r"npl 76 O. LEVI-STRAUSS TRI
- Page 41 and 42:
'·'1' . , I TRlSTES TB6PICOS 81 IX
- Page 43 and 44:
'lEnpI 84 c. LE:VI-sTBAUSS hanas de
- Page 45 and 46: 88 O. LEVI-STRAUSS ultima recorda~o
- Page 47 and 48: 92 O. LEVI-STRAUSS zentados, sllhue
- Page 49 and 50: 'T'CnpI TBISTES TR6PICOR 97 SAO XI
- Page 51 and 52: TlmpI 100 O. LEVI-STRAUSS de algoda
- Page 53 and 54: 104 o. LEVI-STRAUSS TRISTES TB6PICO
- Page 55 and 56: XII CIDADES E CAJlfPOS \ Em Sao Pau
- Page 57 and 58: 1 I , TEnpI 112 O. LEVI-STRAUSS TBX
- Page 59 and 60: 'TlmpI 116 c. LEVI-STRAUSS TBISTES
- Page 61 and 62: o. LEVI-STRAUSS das venezianas e a
- Page 63 and 64: C. LEVI-STBAUSS TBXSTES TB6PICOS 12
- Page 65 and 66: 128 o. LEVI-STRAUSS tidas aos habit
- Page 67 and 68: 'TlmpI 132 O. LEVI-STRAUSS TRISTES
- Page 69 and 70: ·r.npl 136 a mesma revolu!:lio pro
- Page 71 and 72: 'r~npI 140 C. LtVI~STBAUSS Nao reiv
- Page 73 and 74: ·I"npl 144 0. LEVI-STRAUSS TBISTES
- Page 75 and 76: '["npI 148 C. LEVI~STRAUSS dizer, n
- Page 77 and 78: 'renpl 152 O. LEVI-STRAUSS TBISTES
- Page 79 and 80: dual. :orporaF' t6ria do :omoacri a
- Page 81 and 82: 160 ~ C. LEVI-STRAUSS ! e que se cl
- Page 83 and 84: 164 O. LEVI-STRAUSS TBISTES TB6PICO
- Page 85 and 86: 'renplA 168 C. LEVI-STRAUSS TBISTES
- Page 87 and 88: 172 O. LEVI-STRAUSS Uma centena de
- Page 89 and 90: I , 176 C. LEVI-STRAUSS I cebidos n
- Page 91 and 92: 180 C. LEVI-STRAUSS TBISTES TB6PICO
- Page 93 and 94: 184 c. LEVI-STRAUSS TRIaTES TB6Plco
- Page 95: 188 C. LEVI-STBAl:JSS TRISTES Tx6PI
- Page 99 and 100: 196 c. LEVI-STRAUSS TRISTES TBOPICO
- Page 101 and 102: 200 O. LEVI-STRAUSS TBISTES TB6PIOO
- Page 103 and 104: 1 ) 204 O. LEVI-STUUSB da estrutura
- Page 105 and 106: XXI o OURO E OS DIAMANTES Diante de
- Page 107 and 108: ·TEnpI 212 C. LEVI-STRAUSS compost
- Page 109 and 110: 216 TBISTES TB6PICOS 217 em caoo de
- Page 111 and 112: 220 O. LEVI-STRAUSS TBISTES TR6PICO
- Page 113 and 114: \ I ·nmpI. I , : ~ ! 224 O. LEVI-S
- Page 115 and 116: 228 C. LEVI-STRAUSS TRISTES TB6PICO
- Page 117 and 118: 232 TBOCSTES TROPICOS 233 em casa,
- Page 119 and 120: ·,-enpl 236 O. LEVI-STRAUSS TRISTE
- Page 121 and 122: 'renpi O. LEVI-STRAUSS tru
- Page 123 and 124: TEmpi 244 C. LEVI·STRAUSS dade das
- Page 125 and 126: 248 o. LtVI-STBAUSS TBISTES TB6PICO
- Page 127 and 128: 'IOnPI 252 que a noite cai, acende-
- Page 129 and 130: 256 TBISTES 'l'B6PICOS 257 ultimo e
- Page 131 and 132: f • !, XXIV o MUNDO PERDIDO Uma e
- Page 133 and 134: 264 O. LEVI-STRAUSS TRISTES TR6PICO
- Page 135 and 136: 268 O. LEVI-STRAUSS TBISTES 'l'X6PI
- Page 137 and 138: °T'Enpl TBISTES TR6PICOS 273 272 O
- Page 139 and 140: TEnPI 276 C. LEVI-STRAUSS Essa situ
- Page 141 and 142: 'r"opt 280 TBISTES TROPICOS 281 oud
- Page 143 and 144: I I ! , , II Ii .1 284 Durante a es
- Page 145 and 146: ·T'EnPI . ~ 288 o. LEVI-STRAUSS TB
- Page 147 and 148:
292 C. LEVI-STRAUSS TRISTES TR6PICO
- Page 149 and 150:
TlmpI 296 O. LEVI-STRAUSS ~ I t,
- Page 151 and 152:
Tlmpl 300 C. LEVI-STRAUSS TBISTES T
- Page 153 and 154:
TtmpI 304 O. LEVI-STRAUSS TBISTES T
- Page 155 and 156:
i I I, 308 TBISTES TJWPICOS 309 l'
- Page 157 and 158:
'nmpl i I I [ XXVIII LIQAO DE ESCRI
- Page 159 and 160:
'r,npr I 316 O. LEVI-STRAUSS TBISTE
- Page 161 and 162:
320 o. LEVI-STRAUSS TBISTES TR6PICO
- Page 163 and 164:
·"nPI TBISTES TR6PICOS 325 XXIX HO
- Page 165 and 166:
[ I : ! 'r"nPI 328 c. LtVI~STRAUSS
- Page 167 and 168:
Tlmpi 332 c. LEVI-STRAUSS TBISTES T
- Page 169 and 170:
336 O. LEVI-STRAUSS tern 0 poder, m
- Page 171 and 172:
·TBnpr ! ! I DE xxx PIROGA En deix
- Page 173 and 174:
344 C. LEVI-STRAUSS rio, enquanto u
- Page 175 and 176:
'TEnpI 348 C. LEVI-STRAUSS TBISTES
- Page 177 and 178:
1 I 352 O. LEVI~STR.AUSS TBISTES TI
- Page 179 and 180:
356 o. LEVI-STRAUSS 'l'BIS'I'ES TB.
- Page 181 and 182:
NA XXXII FLORESTA Desde a iufAncia,
- Page 183 and 184:
, 364 C. LEVI-STRAUSS TBISTES TR6PI
- Page 185 and 186:
368 o. LfVI-STRAUSS ~STES TBOPICOS
- Page 187 and 188:
J 372 pore representem a panta mais
- Page 189 and 190:
374 O. LEVI-STRAUSS TBlSTES TB6PICO
- Page 191 and 192:
·r-enpl 378 C. LEVI-STRAUSS TBISTE
- Page 193 and 194:
382 c. LEVI-STRAUSS TlUSTES TIWPICO
- Page 195 and 196:
'r1:npl \ I TBISTES Tx6PIOOS 387 xx
- Page 197 and 198:
390 c. Li:VI-STBAUsS TRISTES TR6PIC
- Page 199 and 200:
·TtmpI 394 O. LEVI-STRAUSS TBISTES
- Page 201 and 202:
ldual. 'II ,:1 , ! t6ria do :omoa c
- Page 203 and 204:
'l"Enpl 402 o. LEVI-STRAUSS TBISTES
- Page 205 and 206:
Tonpi 406 O. LEVI-STRAUSS TBISTES T
- Page 207 and 208:
Tenpr ;1 I i , i I .( I " 'j I '.'
- Page 209 and 210:
414 TBlSTES TB6PIOOS 415 gica ou re
- Page 211 and 212:
,1 418 o. LEVI-STRAUSS TBISTES TB6P
- Page 213 and 214:
422 O. LEVI-STRAUSS TBISTES TR6PICO
- Page 215 and 216:
426 o. LEVI-STRAUSS TBISTES TR6PICO
- Page 217 and 218:
430 C. LEVI-STRAUSS TBJSTES TB6PICO
- Page 219 and 220:
'l'enpI 434 C. LEVI-STRAUSS TRISTES
- Page 221 and 222:
'T'Enpf 438 C. lEVI-STRAUSS A essa
- Page 223 and 224:
442 O. LEVI-STRAUSS TRISTES TB6PIOO
- Page 225:
Tlmpl. 24 - Dois homens nanbik-wara