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TBISTES TB6PICOS 371<br />
XXXIII<br />
A ALDEIA DOS GRILOS<br />
Ao entardecer, chegamos A aldela. Ela estava situada<br />
numa clareira artificial dominando 0 estreito vale de uma<br />
corrente que mais tarde ell devia identificar como 0 Igarape<br />
do Leimo, afluente da margem direita do Machado, no qual<br />
se lan~a a alguns qul!ometros a jusante da conflu~ncla do<br />
Muqul.<br />
~ A. aldeia consistia em quatro casas mais ou menos quadradas<br />
e colocadas Da mesma lioha, paralelamente ao curSO<br />
dagua. Duas casas - as maiores - serviam de habita!:ao,<br />
como se podia ver pelas rMes de cordoezlnhos de algodao<br />
tran~ado! suspensas entre os postes; as duas Qutras (das<br />
quais uma estava intercalada entre as duas primeiras) nao<br />
eram ocupadas M muito tempo e apresentavam 0 aspecto<br />
de barracoes ou de abrigos. Urn exame superficial poderia<br />
fazer julgar essas casas do meSillO tipo que as habitaf;oes<br />
brasileiras da regUlo. Na realidade, sua conce~o era diferente,<br />
porque 0 plano dos esteios que sustentavam a alta<br />
cobertura de palmeira de duas aguas estava inscrito no<br />
plano do teto e era menor que ~le, de tal modo que a constru~o<br />
apresentava a forma de urn cogumelo quadrado. Oontudo,<br />
essa estrutura nao aparecia, por causa da presenf:a de<br />
falsas paredes, erguidas perpendicularmente ao teto, mas sem<br />
alcan~a-Io. Essas ~rcas - pois nao eram mais do que isso<br />
- eonsistiam em troneos de palmeiras fendidos e plantados<br />
nns ao lado dos outros (e amarrados entre si), com a face<br />
eonvexa para fora. No easo da habita~ao principal - a que<br />
estava eolocada entre 'os dois barra~es - os troncos tinham<br />
sido ehanfrados, para a obten~o de seteiras pentagonais, e<br />
a parede exterior estava coberta de pinturas sumariamente<br />
executadas em vermelho e pr~to, com urucnm e uma resina.<br />
Essas pinturas representavam, pela ordem, segundo 0 eomentario<br />
indigena, urn personagem, mulheres, urn gaviao-de-pe-<br />
nacho, crian~as, urn objeto em forma de seteira, urn sapo,<br />
urn cachorro, urn grande quadrupede nao Identlficado, duas<br />
faixas de tra~os em zigzag, dois peixes, dois quadrupedes,<br />
uma on~a, por fim urn motivo simetrico composto de quadrados,<br />
ereseentes e areos.<br />
Essas casas em nada se pareciam com as habita~oes indigenas<br />
das tribos vlzlnhas. E provavel, entretanto, que reproduzam<br />
uma forma tradicional. Quando Rondon descobriu<br />
os Tupi-Cavaiba, suas<br />
casas ja dam qUautaillis<br />
ou 1eLanguiares,<br />
com urn teto de aaas<br />
Itgaas. Allm disso, a<br />
estrutnra em cogumelo<br />
nao eorresponde a nenhnma<br />
teenica neo-brasileira.<br />
Essas casas<br />
de cobertura alta sao,<br />
alias, atestadas por varios<br />
. documentos arqueol6gicos<br />
originarios<br />
de diversas eiviliza~oes<br />
precolombianas.<br />
Outra origlnalidade<br />
dos Tupl-Oavafba:<br />
como seus primos parintintin,<br />
nao cultivam<br />
nem consomem tabaco.<br />
Venda-nos desencaixatar<br />
nossa provisao de<br />
fumo de corda, 0 chefe<br />
da aldela exclamava<br />
FIG. 52 - Pormenor de pintura<br />
numa parede de cabana.<br />
sarcAstieamente: ianeapit,<br />
"sao excrementos!..." Os relat6rios da Comissao Rondon<br />
indicam meSillO que, na epoca dos primeiros contatas, os<br />
indigenas se mostravam tao irritados com a presen~a de fumantes<br />
que lhes arrancavam. cigarros e charutos. Entretanto,<br />
ao contrario dos Parintintin, os Tupi-Cavaiba possuern urn<br />
termo para tabaco: tabak, isto e, ° nosso mesmo, derivado de<br />
antigos falares indigenas das Antilhas e verossimilmente de<br />
origem caribe. Urn intermediario eventual pode ser encontrado<br />
nos dialetos do Guapore, que possuern 0 mesmo termo,<br />
quer 0 tenham tornado do espanhol, quer as culturas do Gua-<br />
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