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a. LEVI-STRAUSS TBISTES TB6PICOS 155<br />
Para alem dos remedios politicos e econ6micos concebfveis,<br />
{) problema proposto pela confronta~lio entre a Asia e a<br />
America tropicais continua 0 da multiplica~lio humana num<br />
,espa!:O Iimitado. Como esqueeer que, a esse respeito, a Europa<br />
oeupa uma posi~o intermediaria entre os dois mundos?<br />
A india atacou esse problema do numero M 3.000 anos. pro<br />
-curando, com 0 sistema de eastas, urn meio de transformar a<br />
quantidade em qualidade, isto e, de diferenciar os agrupamentos<br />
hnmanos para permitir-lhes viver lado a lado. Coneeben,<br />
mesmo, 0 problema em termos mais vastos: alargando-o,<br />
para alem do homem. a t6das as formas da vida. A regra<br />
vegetariana inspira-se na mesma preocupa~ao que 0 regime<br />
·de castas, a saber, impedir os agrupamentos sociais e as<br />
.especies animais de estenderem-s6 uns s3bre os outros, reservando<br />
a cada urn uma liberdade que Ihe seja propria gra~s<br />
-a renuneia, pelos outros, do exercfeio de uma liberdade antag6nica.<br />
E tragico para 0 homem que essa grande experiencia<br />
tenha malogrado, isto e, que no curso da hist6ria, as castas<br />
DaO tenham conseguido atingir urn estadio em que permane<br />
·ceriam iguais porque diferentes - iguals no sentido de serem<br />
incomensuraveis - e que se tenha introduzido entre elas essa<br />
·dose perfida de homogeneidade permitindo a compara~lio. e,<br />
por eonseqiiencia, a cria~o de uma hierarquia. Porque, se os<br />
homens podem chegar a coexistir com a condi~o de se considerarem<br />
todos na mesma proporoao homens, mas diferentemente,<br />
podem-no tamMm, recusando-se nns aoo outros urn gran comparavel<br />
de humanidade, e, portanto, subordinando-se.<br />
Esse grande ma16gro da india comporta uma li~o: tornando-se<br />
numerosa demais e apesar do genio dos seus pensa<br />
·dores, uma sociedade s6 se perpetua secretando a servidao.<br />
-Quando os homens com~am a sentir-se apertados nos seus<br />
·espa~s geografico, social e mental, correm 0 risco de se<br />
·deixar seduzir por uma solu~o simples: a que consiste em<br />
recusar a qualidade humana a uma parte da especie. Por<br />
algumas decadas, os outros reencontrarao a sua largueza. Em<br />
seguida, sera necessario realizar uma nova expulsao. A essa<br />
luz, os acontecimentos de que a Europa tem sido, ha vinte<br />
.anos, 0 teatro, resumindo urn seculo durante 0 qual duplicou<br />
.a taxa de POPula~o, ja DaO os posso considerar como 0 resultado<br />
da aberra~lio de urn povo, duma doutrina ou dum grupo<br />
·de homens. Vejo, antes, nisso, urn sinal anunciador duma<br />
-evolu~lio para 0 mundo acabado, de que a Asia do sui fez a<br />
expenencia urn ou dois milenios antes de n6s, e de que, a nao<br />
ser atraves de grandes decisoes, nao conseguiremos talvez<br />
libertar-nos. Pois essa desvaloriza~ao sistematica do homern<br />
pelo homern se espalha, e seria demasiada hipocrisia ou inconsciencia<br />
afastar 0 problema pela desculpa de uma contamina~ao<br />
momentAnea.<br />
o que me aterroriza na Asia e a imagem do nosso futuro,<br />
que ela antecipa. Com a America indigena, acalento 0 reflexo,<br />
que mesmo ai e fugitivo, duma era em que a espeeie estava<br />
na medida do sen universo e em que persistia uma rela~ao<br />
valida entre 0 exercicio da liberdade e os seus sinais.<br />
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