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344<br />

C. LEVI-STRAUSS<br />

rio, enquanto urn urubu navega durante dias silbre 0 cadaver<br />

e d~le se alimenta.<br />

Quando os bois se restabelecerem, a tropa voltara ate<br />

Utiariti, sem dificuldade, segundo pensamos, ja que os ani~<br />

mais estarao livres da sua carga e que as chuvas, agora<br />

iminentes, transformarao 0 deserto em pastagem. Enfim, 0<br />

pessoal cientifico da expedi!%o e os 11ltimos homens se encarregariio<br />

das bagagens, que comboiarao de canoa ate as re~<br />

gioes habitadas, oude nos dispersaremos. Eu pr6prio pretendo<br />

passar para a Bolivia pela Madeira, atravessar 0 pais<br />

de aviiio, voltar ao Brasil por CorumM e de la alcan~ar<br />

Cuiaba, depois Utiariti, por volta do m~s de dezembro, oude<br />

encontrarei a minha comitiva, homens e animais, para liquidar<br />

a expedi!%o.<br />

o chefe do pilsto de Melga~o nos empresta pequenas<br />

canoas - barcos leves de tAbuas - e remadores. Adens burros!<br />

Nada temos a fazer senao deixar-nos resvalar ao longo<br />

do Rio Machado. De novo descuidados devido aos meses de<br />

seea, deixamos, na primeira noite, de guardar as nassas r~des,<br />

eontentando-nos com suspend~-las entre as arvores da margem.<br />

A. trovoada estoura em plena noite com 0 barulho de urn<br />

cavalo a galope; antes mesmo de acordarmos, as redes se<br />

transformam em banheiras; desdobramos As apalpadelas urn<br />

tOldo para nos servir de abrigo, sem que seja possivel estende-Io<br />

debaixo d~sse dill1vio. Nem se pensa em dormir; acocorados<br />

na agua e sustentando a lona nas cab~as, e preciso vigiar constantemente<br />

os bolsos que se enchem e esvazhi-Ios antes que a<br />

aglla penetre. Para matar 0 tempo, os homens contam hist6­<br />

rias: guardei a que fol narrada por Emidio.<br />

Hi8t6ria de<br />

Emidio.<br />

Um 'lJiuoo tinha um unico lilho, adole8cente. Um dia<br />

chama-o, ercplwa-lhe que jli e tempo de 8e casar. "Que e pre­<br />

Gisa fazer para casar?" pergunta 0 filho. "E muito simples,<br />

diz-lhe 0 pai, voce s6 tem que visitar os vizinhos e tratar de<br />

agradar a filha dl3les". "Mas eu niio sei como se agrada a<br />

uma mora!" "Ora, toque vioUio, seja alegre, ria, cantel" 0<br />

tilha segue 0 conselho, chega no rrwmento em que 0 pai da mora<br />

acaba de morrer,o sua atitude e considerada indecente, tocamno<br />

a pedradas. £le volta para junto do pai e queia:a-se; 0<br />

pal lhe e:JIplwa a conduta a 8egulr em ca808 sernelhante8. 0<br />

I<br />

~STES<br />

TB6PICOS<br />

filho volta de novo acasa dos vizinhos; justamente, estao matando<br />

um porco. Mas fiel Ii ultima lirao, me solUQa: 'lQue tristeza!<br />

fiJle era tiio bom! N68 g08tlivam08 tanto dele! Nunca mai8 cncontraremos<br />

ninguem melhor!" Ewasperados, as vizinhos 0 ewpulsam;<br />

me conta ao pai essa nova desventura e dele recebe indicayoes<br />

s6bre a conduta apropriada. Na sua terceira visita,<br />

08 'lJizinhos e8tao ocupad08 ern matar a8 lagartas da horta.<br />

Sempre atrasado de uma liriio, 0 j01Jem ewclama: "Que maravilh08a<br />

abundl1rwia! De8ejo que e88es animai8 8e multipliquern<br />

em V088as terras! Que jamais haja lalta dele8!" Tocam-no.<br />

De p "!8 de8se terceiro ma16gro, 0 pai ordena M tilho a<br />

constrU!'ao de uma cabana. fiJle vai It llore8ta para derrubar<br />

a madeira necessaria. 0 lobisomem passa par Id durante a<br />

noite, acha 0 lugar a seu g6sto para af. c0'n8truir a Sua casa<br />

e poe-se ao trabalho. Na manha seguinte, 0 mooo volta d<br />

derrubada e eneontra 0 se~o adiantado: "Deus me ajudaf"<br />

pensa Com satisfflJJao. AS8im constroem os dois ao mesmo<br />

tempo, 0 mOQo durante 0 dia e a lobisomem durante a noite.<br />

A cabana lica pronta.<br />

Para inaugura-la, 0 nwQo decide oferecer-se uma refeir;Jio<br />

de veado, e 0 lobi80rnem uma de marto. Um traz 0 veado<br />

durante 0 dia, 0 QUtro 0 cadaver com a ajuda da noite. E<br />

quando 0 pai chega no dia seguinte para participar do testim,<br />

v~ s6b~e a mesa um morto d gUisa de assado: "Decididamente,<br />

meu ft-lho, vocl3 nunea prestara para nada ..• "<br />

No dia seguinte, continuava a chover e chegamos ao~<br />

de timenta Bueno esvaziando a agua das barcas. :€ste pilsto<br />

esta situado na confluencia do rio que Ihe da 0 nome e do<br />

Rio Machado. Compreendia umas vinte pessoas; alguns brancos<br />

do interior, e indios de diversas extra~es que trabalhavam<br />

na manuten~iio da Iinha: Cabichiana do vale do Guapore,<br />

_e Tupi-Cavaiba do Rio Machaao:' F'ornecer-me-iam importantes<br />

informa~oes. Umas se referTam aos Tupi-Cavafba ainda<br />

selvagens que, a julgar por antigos relat6rios, teriam desapa­<br />

.,teQid.o comPletamente j aind? voltarei ao assunto. Outras erarl[<br />

relatIvas a uma tribo desconhecida que vivia dizi - 'v r- ,<br />

sos laS de PIrog,a pe 0 Rio Pimen ueno. Formulei imediatamente<br />

0 projeto de reconhece-Ios, mas como? Vma circunstancia<br />

favoravel se apresentou; de passagem pelo pOsto<br />

345<br />

I II<br />

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