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164 O. LEVI-STRAUSS TBISTES TB6PICOS 165<br />

batatas doces que assam sob a cinza e que se pegam com<br />

longas pin~as de bambu; a! se dorme sobre uma fina camada<br />

de folhagem ou sobre um colchao de palha de milho, todos estendendo<br />

os pes para 0 fogo; no meio da noite, as polleas<br />

brasas que subsistem e a parede de troncos mal ajustados<br />

constituem uma fraca defesa contra 0 frio glacial a 1.000 metros<br />

de altitude.<br />

A essa pe~a unica se reduzem as easas construfdas pelos<br />

~ndfgenas; mas nas do governo, tambem uma 86 p~a e utilizada.<br />

E a! que se encontra espalhada pelo chao tWa a riqueza<br />

do indio, uuma desordem que escandalizava nosSOS<br />

guias, caboclo8 do sertao vizinho, e na qual mal se distinguem<br />

os objetos de origem brasileira dos de fabrica~o local. Entre<br />

os primeiros, geralmente, encontram-se machado, faeas, pratos<br />

de esmalte e recipientes metalicos, panos, agulha e linha de<br />

costura, as vezes algumas garrafas e meSilla urn guarda-chuva.<br />

A mobHia tamMm e rudimentar: alguns tamboretes baixos,<br />

de madeira, de origem guarani, igualmente empregados pelos<br />

caboclos; cestas de<br />

todos os tamanhos e<br />

para tod.os os usos,<br />

que ilustram a tecniea<br />

do "tranc;;ado<br />

de marchetaria", Uio<br />

freqiiente na America<br />

do SuI; peneiras<br />

para farinha, almafariz<br />

de madeira,<br />

piloes de pau ou de<br />

pedra, algumas lou­<br />

~as; enfim, uma<br />

FIG. 4 - OlaNo, caingang.<br />

quantidade prodigiosa<br />

de recipientes de<br />

forroas e uso diver­<br />

SOS, confeccionados com a caba~a, esvaziada e seca~ Que<br />

dificuldade para obter qualquer urn desses objetos! A previa<br />

distribui~o, a Mda a famnia, de nossos aneis, coIares e<br />

broches de missanga, e por vezes insuficiente para estabelecer<br />

o indispensavel contacto arnical. Mesmo 0 oferecimento duma<br />

quantia em dinheiro, em despropor~ao monstruosa com a indigencia<br />

do utensilio, deixa 0 proprietario indiferente. "~le<br />

DaD pode". "Se 0 objeto f&sse de sua fabrica~o, He 0 daria<br />

de boa vontade, mas ele proprio 0 adquiriu ha muito tempo<br />

de U.n:"R velha que e a tiniea que sabe confeccionar esse genera<br />

de COlsas. Se no-lo da, como substitu!-lo?" A velha, bem entendido,<br />

nUllea esta hi. Onde? "tIe nao sabe" - gesto vago<br />

- "na floresta"... De resto, que valero todos os nossos milreis<br />

para esse velho indio, trernulo de febre, a 100 qUilOmetros<br />

da mais proxima loja dos brancos? Sentimo-nos envergonhados<br />

de arrancar a esses homens tao desprovidos urn<br />

pequeno instrumento euja perda sera uma diminui~ao irreparavel.<br />

..<br />

Mas, muitas vezes, a hist6ria e outra. Essa india querera<br />

vender 0 seu pote? "Certamente, ela quer". Infelizmente,<br />

ele nao the perteuce. A quem, entao? - sHeucio. - A seu<br />

marido? 'INao". - A sen irmao? - Tambem nao. - A seu<br />

filho? - Tampouco. E da neta. Esta possui iuevit,jyelmeute<br />

todos os objetos que queremos comprar. Olhamo-laela<br />

ten: 3 ou 4 auos - acocorada juuto do fogo, completameute<br />

absorvlda pelo auel que ha pouco coloquei no seu dedo. E<br />

s~o, entao, com a senhorita, longas negocia05es em que os pais<br />

nao tomam parte alguma. Urn anel de 500 reis deixam-na<br />

iudifereute. Um pregador e 400 reis a decidem.<br />

Os Caingaug cult!vam Um pouco a terra, m_as a pesca, a<br />

eaga e a coleta formam as suas ocupacoes essenciais. Os<br />

processos de pesca sao tiio pobremente imitados dos braucos<br />

que .su~ ef~cacia deve ser fraca: uma vara flexive~ um auzol<br />

braslleiro fixado com urn pouco de resina na ponta de urn fio<br />

por vezes urn simples trapo a guisa de rede. A eaga e ~<br />

coleta regulam essa vida nomade da floresta, em que duraute<br />

sem~nas as familias desaparecem, oUde uiuguem os pode<br />

se~Ulr em sens esconderijos secretos e seus itinerarios eomphcados.<br />

Encontramos as vezes 0 pequeno grupo, na eurva<br />

duma vereda, saindo da floresta para nela imediatamente<br />

desaparecer; os h?mens A frente, armados de bodoque. areo<br />

que serve .para ahrar pelotas para a caga aos passaros, trazeudo<br />

a tlracolo a cesta que coutem Os projeteis de argila<br />

seca. En:'" seguida, ~s mUlheres, transportando tMa a riqueza<br />

da f~m!ha,. por mew de uma tira de tecido ou uma Iarga<br />

correIa apomda na testa. Assim viajam crian~as e objetos<br />

domesticos. Algumas palavras trocadas, uos reteudo os cavalos,<br />

eles diminuindo Urn poUCQ a sua marcha, e a floresta<br />

retoma 0 seu silencio. Sabemos sbmente que a pr6xima casa<br />

estara - Como tautas outras - vazia. Por quauto tempo?<br />

Essa vida uomade pode durar dias ou semauas. A esta!%o<br />

da eaga1 a das frutas - jaboticaba, laranja e lima _ provocam<br />

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