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376 o. LtVI-STRAUSS<br />
a menor hesita~o quanto ao intinerario que parecia ter~se<br />
fechado its nossas costas. Conseguimos faze.lo dormir i'l nolte<br />
i'l costa de soporiferos. Fellzmente, nao tinha nenhnm Mbito<br />
de medicamentos e estes produziram todo 0 seu efeito. Quando<br />
alcan~amos 0 acampamento, na tarde do dia seguinte, viuse<br />
que sua mao estava cheia de bichos, causa de dores insuportaveis.<br />
Mas quando, 3 dias depois, foi confiado ao medico,<br />
a ferida estava livre da gangrena, pois os vermes tinham<br />
devorado, a medida que se produziam, as carnes putrefactas.<br />
A amputac;;ao se tornava imltil e uma longa serie de pequenas<br />
intervenc;;Oes cirurgicas, que duraram quase urn mes e nas<br />
quais Vellard pas em aC;;ao sua habilidade de vivisseccionista<br />
e de entomologista, deram a Emidio uma mao aceihlvel. Chegando<br />
ao Madeira em dezembro, mandei-o, ainda convalescente,<br />
de aviao para Cuiaba, para poupar as suas f6rc;;as. Mas<br />
quando, no mes de janeiro, voltando a essas paragens para<br />
me encontrar com 0 grosso da minha tropa, visitei seus pais,<br />
encontrei-os cheios de reproches a meu respeito; nao, certamente,<br />
pelos sofrimentos do seu filho, que eram considerados<br />
como urn incidente banal da vida do sertao. Mas por causa<br />
do aviao: por ter tido a selvageria de expi}.]o no meio das<br />
nuvens, situac;;ao diab6lica a que nao podiam conceber se<br />
submetesse urn cristao.<br />
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ii<br />
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XXXIV<br />
A FARSA DO<br />
JAPIM<br />
Eis como se compunha minha nova familia. Primeiro,<br />
Tapera!, 0 chefe da aldeia, e suas quatro mulheres: Maruabai,<br />
a mais idosa, e Cunhatsin, sua fUha do leito precedente; Tacoame<br />
e Ianopamoco, a jovem paralftica./tsse lar poligamo<br />
criava 5 filhos: Camini e Puereza, rapazes que aparentavam<br />
respectivamente 17 e 15 anos; e 3 rnenininhas: Paerai, Topequea<br />
e Kupecai.<br />
o lugar-tenente do chefe, Potien, tinha mais ou menos<br />
20 anos e era filho do casamento precedente de Maruabai.<br />
Havia tamoom uma velha, Viracaru, seus dois filhos adolescentes,<br />
Taivari e Caramua, 0 primeiro solteiro, 0 segundo<br />
casado com sua sobrinha mal chegada a nubilidade, Penhana;<br />
enfim, seu primo, urn jovem paralitico, Valera.<br />
Ao contrario dos Nhambiquara, os Tupi-Cavaiba nao fazem<br />
misterio dos nomes que tern, de resto, urn sentido, como<br />
o haviam notado entre os Tupi os viajantes do seculo XVI:<br />
"Como fazemos com os caes e outros animais, observa Lery,<br />
tneS dao indiferentemente tais nomes de coisas que lhes sao<br />
conhecidas, como Sarigoy, que e urn animal de quatro patas;<br />
Arignan, uma galinha; Arabuten, a arvore do Brasil, Pindo,<br />
, uma grande erva e outros semelhantes".<br />
Era a mesma coisa em todos os casos em que os indfgenas<br />
me forneceram uma explicaC;;ao dos seus nomes. Taperai seria<br />
urn passarinho de penas brancas e pretas; Cunhatsin significaria:<br />
mulher branca, ou de pele clara; Tacoame e Tacoari<br />
seriam termos derivados de taquara, especie de barnbu; Potien<br />
designaria urn camarao de agna doce; Viracuru, 0 pequeno<br />
parasita charnado bicho de pe; Caramua, uma planta; Valera,<br />
tamMm uma especie de bambu.<br />
Staden, outro viajante do seculo XVI, diz que as rnulheres<br />
"tomam comumente nomes de passaros, de peixes e de<br />
frutas"; e acrescenta que cada vez em que 0 marido mata<br />
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