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o soneto brasileiro

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102<br />

[5] O SONETO BRASILEIRO<br />

[5.1] Nenhuma tradição ou informação escrita reteve particularmente o<br />

nome do poeta que transplantou o <strong>soneto</strong> para o Brasil. É sabido,<br />

entretanto, que cabe a Manuel Botelho de Oliveira, nascido na Bahia<br />

(1636-1711), a prioridade de haver sido o primeiro poeta <strong>brasileiro</strong> que<br />

deu a lume uma coleção de poesias líricas em que se incluíram <strong>soneto</strong>s.<br />

Contemporaneamente também na cidade do Salvador, viveram e poetaram os<br />

representantes do chamado grupo baiano - Bernardo Vieira Ravasco,<br />

Domingos Barbosa, Eusébio de Matos, Gonçalo Soares da França, Gregório<br />

de Matos Guerra, José Borges de Barros, Gonçalo Ravasco Cavalcanti de<br />

Albuquerque e João de Brito Lima, todos eles ligados entre si pela<br />

comunhão da mesma poética portuguesa do tempo. (1). É possível, e até<br />

provável que, simultaneamente com Manuel Botelho de Oliveira, alguns<br />

desses pequenos poetas hajam praticado o <strong>soneto</strong>, dado o grande prestígio<br />

que esse gênero havia granjeado na metrópole, onde, desde a primeira<br />

metade do século XVI, era cultivado com insistência.<br />

[5.2] A coleção de poemas de Manuel Botelho de Oliveira tem o título de<br />

"Música do Parnaso", e foi publicada em Lisboa, no ano de 1705. Esse<br />

poeta, que versejava em castelhano, italiano, latim e português,<br />

deixou-nos vinte e dois <strong>soneto</strong>s nesta última língua, incluídos no livro<br />

citado. Estes, escritos em linguagem correta, o que era então vulgar,<br />

carecem de inspiração poética e de sentimento.<br />

[5.3] Em todo caso, nem cronologicamente cabe a esse obscuro poeta a<br />

primazia no que entende com o alvorecer do lirismo <strong>brasileiro</strong>, uma vez<br />

que essa honra, com maior relevo, deve ser conferida ao seu parceiro do<br />

grupo de poetas baianos Gregório de Matos Guerra (1633-1696).<br />

[5.4] Gregório foi individualidade típica, na primeira fase da nossa<br />

literatura. Nele se compendiaram desordenadamente o espírito lírico e o<br />

satírico, pondo-se de lado a incumbência de constituir a personificação<br />

completa do fauno, cumulativamente com a severa responsabilidade de ser,<br />

segundo o aviso de Sílvio Romero e Araripe Júnior, o fundador da<br />

literatura brasileira... Como poeta lírico, assevera José Veríssimo que<br />

"a parte séria das suas composições é genuinamente do pior<br />

seiscentismo", no que é possível haver algum exagero, porquanto Araripe<br />

Júnior observa que, na sintaxe dos versos da última fase do poeta, há<br />

algo de pouco comum com aquela que praticavam os poetas do tempo, como<br />

sejam o uso da regência direta, o parco emprego do hibérbato e a clareza<br />

do pensamento, nem sempre encontrada nos cultistas de então (2).

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