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o soneto brasileiro

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família real ou imperial) a fim de obter favores ou de retribuí-los. E<br />

Cruz Filho me vem traduzir logo um <strong>soneto</strong> dedicado a um rei espanhol?<br />

Ora, vá puxar ao menos o saco de Pedro II, que aliás era monumental, a<br />

julgar pelas telas dos pintores apadrinhados pelo imperador...<br />

[3.30.1] Considerando que as traduções poéticas sejam análogas à glosa,<br />

e considerando que as paródias também o são, aproveito o parágrafo<br />

dedicado ao <strong>soneto</strong> de Machado para resgatar o que dele fizeram outros<br />

poetas locais, inclusive pela vertente macarrônica, que não deixa de ser<br />

uma versão dialetal e, portanto, uma transcriação idiomática.<br />

CÍRCULO VICIOSO [Machado de Assis]<br />

Bailando no ar, gemia inquieto vaga-lume:<br />

"Quem me dera que eu fosse aquela loura estrela,<br />

Que arde no eterno azul, como uma eterna vela!"<br />

Mas a estrela, fitando a lua, com ciúme:<br />

"Pudesse eu copiar-te o transparente lume,<br />

Que, da grega coluna à gótica janela,<br />

Contemplou, suspirosa, a fronte amada e bela!"<br />

Mas a lua, fitando o sol com azedume:<br />

"Mísera! tivesse eu aquela enorme, aquela<br />

Claridade imortal, que toda a luz resume!"<br />

Mas o sol, inclinando a rútila capela:<br />

"Pesa-me esta brilhante auréola de nume...<br />

Enfara-me esta azul e desmedida umbela...<br />

Por que não nasci eu um simples vaga-lume?"<br />

CIRCUITO BICIADO [Furnandes Albaralhão]<br />

Guiando um vonde, g'mia inquieto maturnâiro:<br />

-- "Ah! Si eu fosse u fiscale aqui dessa miléca...<br />

De prazeire, nain sai, tumaba uma quiméca..."<br />

Mas u fiscale ulhando u vurro du dinhâiro<br />

Du chefe du iscritório: -- "Imbejo-te, parçâiro,<br />

Si eu fosse como tu, câ farra! Câ panquéca!<br />

Cumia tanto, qui rivintaba a cuéca!"<br />

Mas u chefe a fitaire a pança de bendâiro<br />

Du supirintendente: -- "Eu não ser mais maióre,<br />

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