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o soneto brasileiro

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em troca, os germes pertinazes de afetada sensibilidade na nossa poesia.<br />

Em todo caso, terá sido como que a ratificação, nas letras brasileiras,<br />

da nossa independência política.<br />

[5.19] O Romantismo, introduzido no Brasil por Domingos José Gonçalves<br />

de Magalhães (1811-1882), no ano de 1830, estendeu o seu domínio efetivo<br />

até 1870, com sincero pesar de alguns retardatários do movimento.<br />

[5.20] O <strong>soneto</strong>, naquela fase da nossa literatura, caiu em franca<br />

decadência. Raros foram os poetas da nova escola que o cultivaram, e<br />

estes ainda com mãos pouco destras. Certo, estará a razão de ser do fato<br />

nesta observação de Carlos Asselineau, já por nós citado: "o <strong>soneto</strong>,<br />

como o rondó, o triolé e outros exercícios do ritmo e da rima, constitui<br />

um sintoma em história literária. Não são cultivados e florescentes<br />

senão em épocas de forte poesia, em que a inspiração dos poetas se<br />

preocupa igualmente com o sentimento e a forma, com a arte e o<br />

pensamento". Na fase romântica, começou, entre nós, o desprestígio da<br />

parte formal do verso: a língua entrou a perder o fio da tradição<br />

castiça, a frase adotou outro feitio, a construção tornou-se menos<br />

inversa, alterou-se a maneira da colocação dos pronomes oblíquos,<br />

relaxou-se, numa palavra, a antiga disciplina. Na poesia, foi adiante o<br />

desleixo romântico: assinalou-se, não só no descuido da forma e na<br />

frouxidão da métrica, mas também no uso da pieguice sentimental e no<br />

demasiado pendor para o subjetivo, sobretudo nas subseqüentes gerações<br />

de poetas. Terminou a escola no gongorismo chamado "condoreiro". Um dos<br />

poetas românticos, Fagundes Varela, chegou a invectivar os críticos<br />

impertinentes:<br />

Lançai vossos preceitos e tratados<br />

Às chamas vivas de voraz incêndio...<br />

Alma que sente, que se inspira e canta<br />

Não conhece compêndio.<br />

[5.21] Claro está que, em tal ambiente literário, seria coisa difícil o<br />

cultivo do <strong>soneto</strong>. Escola de poesia expansiva, de feição analítica e de<br />

fundo algo doentio, como observou Goethe, e aqui chegamos a ver na do<br />

grupo de poetas que Valentim Magalhães houve por bem denominar "escola<br />

de morrer jovem" (5), era naturalmente antipático ou insuficiente ao<br />

espírito do Romantismo o molde do <strong>soneto</strong>, em que a expressão vazada em<br />

termos concisos é condição imprescindível de bom êxito na fatura do<br />

poema.<br />

[5.22] A história do <strong>soneto</strong> <strong>brasileiro</strong> menciona, naquela fase, poucos<br />

nomes de sonetistas, entre os quais o de Gonçalves Dias, Laurindo<br />

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