13.12.2012 Views

o soneto brasileiro

o soneto brasileiro

o soneto brasileiro

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Dardant on ne sait où leurs globes ténébreux.<br />

Leurs yeux, d'où la divine étincelle est partie,<br />

Comme s'ils regardaient au loin, restent levés<br />

Au ciel; on ne les voit jamais vers les pavés<br />

Pencher rêveusement leur tête appesantie.<br />

Ils traversent ainsi le noir illimité,<br />

Ce frère du silence éternel. Ô cité!<br />

Pendant qu'autour de nous tu chantes, ris et beugles,<br />

Éprise du plaisir jusqu'à l'atrocité,<br />

Vois! Je me traîne aussi! Mais, plus qu'eux hébété,<br />

Je dis: Que cherchent-ils au Ciel, tous ces aveugles?<br />

OS CEGOS [tradução de Ivan Junqueira]<br />

Contempla-os, ó minha alma; eles são pavorosos!<br />

Iguais aos manequins, grotescos, singulares,<br />

Sonâmbulos talvez, terríveis se os olhares,<br />

Lançando não sei onde os globos tenebrosos!<br />

Suas pupilas, onde ardeu a luz divina,<br />

Como se olhassem à distância, estão fincadas<br />

No céu; e não se vê jamais sobre as calçadas<br />

Se um deles a sonhar sua cabeça inclina.<br />

Cruzam assim o eterno escuro que os invade,<br />

Esse irmão do silêncio infinito. Ó cidade!<br />

Enquanto em torno cantas, ris e uivas ao léu,<br />

Nos braços de um prazer que tangencia o espasmo,<br />

Olha! também me arrasto! e, mais do que eles pasmo,<br />

Digo: que buscam estes cegos ver no Céu?<br />

[3.24.1] Já que Cruz Filho dignou-se a pedir licença aos franceses para<br />

introduzir ao menos um italiano, permito-me substituir Giosué Carducci<br />

por Giuseppe Gioachino Belli (1791-1863), considerado caso patológico:<br />

autor compulsivo de milhares de <strong>soneto</strong>s (formalmente rigorosos porém<br />

"desqualificados" por causa do vulgar dialeto das ruas romanas),<br />

dedicou-se às temáticas fesceninas e morreu arrependido por ter sido<br />

porta-voz do demônio. Em português teve, entre seus tradutores, Augusto<br />

de Campos e José Paulo Pais, como nestes exemplos:<br />

256

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!