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o soneto brasileiro

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Sétimo verso... Oitavo eu adiciono;<br />

E se fizer catorze, sou feliz.<br />

Quero dormir, não posso. Ainda faltam<br />

Cinco versos p'ra o termo de um <strong>soneto</strong>,<br />

Cisões, noivados, ruas que se asfaltam...<br />

Que mistura! Afinal, só faltam dois!<br />

Com sono, tudo serve num terceto...<br />

Vou dormir... Boa noite! Até depois!<br />

OFICINA IRRITADA [Carlos Drummond de Andrade]<br />

Eu quero compor um <strong>soneto</strong> duro<br />

como poeta algum ousara escrever.<br />

Eu quero pintar um <strong>soneto</strong> escuro,<br />

seco, abafado, difícil de ler.<br />

Quero que meu <strong>soneto</strong>, no futuro,<br />

não desperte em ninguém nenhum prazer.<br />

E que, no seu maligno ar imaturo,<br />

ao mesmo tempo saiba ser, não ser.<br />

Esse meu verbo antipático e impuro<br />

há de pungir, há de fazer sofrer,<br />

tendão de Vênus sob o pedicuro.<br />

Ninguém o lembrará: tiro no muro,<br />

cão mijando no caos, enquanto Arcturo,<br />

claro enigma, se deixa surpreender.<br />

SONETO OCO [Carlos Pena Filho]<br />

Neste papel levanta-se um <strong>soneto</strong>,<br />

de lembranças antigas sustentado,<br />

pássaro de museu, bicho empalhado,<br />

madeira apodrecida de coreto.<br />

De tempo e tempo e tempo alimentado,<br />

sendo em fraco metal, agora é preto.<br />

E talvez seja apenas um <strong>soneto</strong><br />

de si mesmo nascido e organizado.<br />

Mas ninguém o verá? Ninguém. Nem eu,<br />

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