13.12.2012 Views

o soneto brasileiro

o soneto brasileiro

o soneto brasileiro

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Que muita coisa bela o verso indaga<br />

Mas poucos belos versos eu consigo.<br />

Igual à fonte escassa no deserto,<br />

Minha emoção é muita, a forma, pouca.<br />

Se o verso errado sempre vem-me à boca,<br />

Só no meu peito vive o verso certo.<br />

Ouço uma voz soprar à frase dura<br />

Umas palavras brandas, entretanto,<br />

Não sei caber as falas de meu canto<br />

Dentro da forma fácil e segura.<br />

E louvo aqui aqueles grandes mestres<br />

Das emoções do céu e das terrestres.<br />

[8.71] STELLA LEONARDOS (1923)<br />

NAVEGAR É PRECISO (para Gilberto Mendonça Teles)<br />

Revejo "a grande terra que contina<br />

vai de Calisto ao seu contrário polo."<br />

Na meta de meus antes ilumina<br />

mais que o metal da "cor do louro Apolo".<br />

Reluz o verde meu - almada mina -<br />

e um ver de novo sol me alumbra o solo.<br />

Na voz que inovo há nau de alma cristina<br />

e novas ondas e ondes onde rolo.<br />

Renasço e morro da saudade aquela<br />

que crucifica lusos mas que é luz.<br />

Me alço no alvor da viagem de alta vela<br />

timbrada pelo rubro de árdua cruz.<br />

Adeus, avós! Entregue a caravela<br />

a Deus, de novo ruma a Santa Cruz.<br />

[8.72] GEIR CAMPOS (1924-1999)<br />

SONETO FABRIL<br />

Parques, sim, mas parques industriais:<br />

neles é que passeia o nosso amor<br />

em bairros pouco residenciais<br />

onde ronrona a máquina a vapor.<br />

191

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!