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o soneto brasileiro

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Desse deserto, de que foste o arado.<br />

Não foi teu sonho de esmeralda e de ouro:<br />

Tua ambição era a existência ruda,<br />

Mungindo as vacas e laçando o touro.<br />

E é por isso que, ainda hoje, a terra boa,<br />

No aboiar dos vaqueiros - te saúda,<br />

Pelo berro do gado - te abençoa!<br />

[8.50] BENI CARVALHO (1886-1959)<br />

ESSÊNCIA IMPERECÍVEL<br />

De ti, de teu casulo material<br />

Todo o eflúvio de carne embriagador<br />

Há de passar, há de fugir, tal qual<br />

Se vai, da murcha rosa, o aroma e a cor.<br />

De teu olhar o cálido fulgor,<br />

De teus lábios a música auroral,<br />

Tudo se extinguirá, quando se for<br />

De teu corpo a dinâmica vital.<br />

Não morrerás, no entanto; eterna e viva,<br />

Brilharás nos lampejos de tua alma,<br />

Que a Morte não domina, não cativa.<br />

E, então, como Virtude, hás de viver<br />

Desfeita em branda luz, na suave, e calma<br />

E espiritual essência do teu Ser!<br />

[8.51] HEITOR LIMA (1887-1945)<br />

RENÚNCIA<br />

Fugir, deixando um bem que o braço já tocava<br />

Pela incerteza atroz de uma fé que redime...<br />

Fugir para ser livre, e sentir, na alma escrava,<br />

A sujeição fatal de uma paixão sublime.<br />

Fugir, e, surdo à voz da consciência, que oprime,<br />

Opor diques de gelo a torrentes de lava,<br />

Sentindo, na renúncia, o alvoroço de um crime<br />

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