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o soneto brasileiro

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Lembro-me ainda dessa esbelta e flava<br />

Carícia dos teus braços amorosos...<br />

Por mais que evite o encanto, os impiedosos<br />

Perseguem sempre a minha carne escrava!<br />

Eram suaves, cálidos, cheirosos,<br />

Como doces damascos! Eu beijava<br />

Aquela morna pele que tentava<br />

O paladar! Oh! braços deliciosos,<br />

Como esquecer as núpcias perturbantes,<br />

Os longos desalentos delirantes<br />

Que sem misericórdia vós me dáveis?<br />

Ah! torna, Vênus, para o sacro Elêusis!<br />

Fui condenado à morte pelos deuses,<br />

E quero-a nos teus braços implacáveis<br />

[8.42] JONAS DA SILVA (1880-1947)<br />

Ó LARANJAL SEM FLOR!<br />

Ó laranjal sem flor, ó limeira sem lima,<br />

De braços hirtos como os de um Crucificado,<br />

Talvez S. Sebastião, ao cumprir o seu fado,<br />

Contra vós atirasse a maldição do clima.<br />

Folha a folha, o tufão foi despindo a alta cima<br />

Onde outrora cantava o sabiá namorado;<br />

Hoje apenas lembrais o imortal torturado<br />

Ou um mártir da Ilusão no Calvário da rima.<br />

Como somos irmãos nesta vida em que vamos!<br />

Voltarão pelo inverno os rebentos de outrora,<br />

Os sabiás voltarão a cantar sobre os ramos.<br />

E esta alma encontrará novamente a que estima?<br />

E esta alma encontrará novamente a que adora?<br />

Ó laranjal sem flor, ó limeira sem lima...<br />

[8.43] JOSÉ ALBANO (1882-1923)<br />

SONETO<br />

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