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o soneto brasileiro

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[8.23] CRUZ E SOUSA (1861-1898)<br />

CAMINHO DA GLÓRIA<br />

Este caminho é cor de rosa e é de ouro.<br />

Estranhos roseirais nele florescem,<br />

Folhas augustas, nobres reverdecem<br />

De acanto, mirto e sempiterno louro.<br />

Neste caminho encontra-se o tesouro<br />

Pelo qual tantas almas estremecem;<br />

É por aqui que tantas almas descem<br />

Ao divino e fremente sorvedouro.<br />

É por aqui que passam meditando,<br />

Que cruzam, descem, trêmulos, sonhando,<br />

Neste celeste, límpido caminho,<br />

Os seres virginais que vêm da Terra,<br />

Ensangüentados da tremenda guerra,<br />

Embebedados do sinistro vinho.<br />

[8.23.1] Compare-se a voz poética do Negro com a voz espiritual a ele<br />

atribuída:<br />

A SEPULTURA [Cruz e Sousa, psicografado por Chico Xavier]<br />

Como a orquídea de arminho quando nasce,<br />

Sobre a lama ascorosa refulgindo,<br />

A brancura das pétalas abrindo,<br />

Como se a neve alvíssima a orvalhasse;<br />

Qual essa flor fragrante, como a face<br />

Dum querubim angélico sorrindo,<br />

Do monturo pestífero emergindo,<br />

Luz que sobre negrumes se abistasse;<br />

Assim também do túmulo asqueroso,<br />

Evola-se a essência luminosa<br />

Da alma que busca o céu maravilhoso;<br />

E como o lodo é o berço vil de flores,<br />

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