13.12.2012 Views

o soneto brasileiro

o soneto brasileiro

o soneto brasileiro

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

[2.68/69.9] Quanto ao "alternativo redividido", a estrofação neste caso<br />

sofre maior metamorfose. Se, ao invés de quatro estrofes, fragmentarmos<br />

o <strong>soneto</strong> em mais tercetos ou dísticos, a experimentação ganha novos<br />

horizontes. O importante é preservar algum critério, métrico ou<br />

rimático, para evitar a desintegração conceitual do poema, cuja proposta<br />

temática deve se articular à estrutura formal. Entre outras possíveis<br />

redistribuições estróficas, a solução abaixo foi difundida por Paulo<br />

Henriques Britto em sete rimas e pesquisada por mim, que a compactei em<br />

cinco rimas. Um dos quartetos é substituído por dois dísticos (abrindo e<br />

fechando o <strong>soneto</strong>), enquanto os tercetos se separam para intercalar o<br />

quarteto restante no centro do poema: 2/3/4/3/2. Em Britto o esquema<br />

rimático fica AA/BCB/CDED/FEF/GG; em Mattoso, AA/BCB/DEED/BCB/AA:<br />

[de Paulo Henriques Britto]<br />

Tão limitado, estar aqui e agora,<br />

dentro de si, sem poder ir embora,<br />

dentro de um espaço mínimo que mal<br />

se consegue explorar, esse minúsculo<br />

império sem território, Macau<br />

sempre à mercê do latejar de um músculo.<br />

Ame-o ou deixe-o? Sim: porém amar<br />

por falta de opção (a outra é o asco).<br />

Que além das suas bordas há um mar<br />

infenso a toda nau exploratória,<br />

imune mesmo ao mais ousado Vasco.<br />

Porque nenhum descobridor na história<br />

(e algum tentou?) jamais se desprendeu<br />

do cais úmido e ínfimo do eu.<br />

SONETO SENSORIAL [Glauco Mattoso]<br />

Sensíveis todos somos, mais ou menos,<br />

mas seres sensitivos, só os pequenos.<br />

Sentir é propriedade material.<br />

A gente sente a forma, o peso, a cor,<br />

aromas e calores, doce ou sal.<br />

Filósofos entendem que a verdade<br />

241

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!