13.12.2012 Views

o soneto brasileiro

o soneto brasileiro

o soneto brasileiro

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Pelos beijos de um sol quente e lascivo.<br />

PRIMAVERIL [Raimundo Correia]<br />

Despertou; e ei-la já, fresca e rosada,<br />

Na várzea em flor, que se atavia e touca<br />

Da primavera ao bafo, e onde é já pouca<br />

A neve, ao sol fundida e descoalhada...<br />

E em sua trêmula, infantil risada,<br />

A boca abrindo, patenteia, a louca,<br />

Rico escrínio de pérolas da boca.<br />

Na pequenina concha nacarada...<br />

Voa, as papoilas esflorando e as rosas...<br />

Passa entre os jasmineiros que se agitam,<br />

Às vezes célere e pausada às vezes...<br />

E, sob as finas roupas vaporosas,<br />

Seus leves pés, precípites, saltitam,<br />

Pequenos, microscópicos, chineses...<br />

[5.36] Em Alberto de Oliveira sobressai, além de outros méritos, a já<br />

repisada quantidade na qualidade. Um de seus mais populares <strong>soneto</strong>s é o<br />

grotesco exemplo abaixo, do qual dou a seguir uma paródia macarrônica.<br />

De minha parte, parafraseei outro <strong>soneto</strong>, menos jocoso:<br />

A VINGANÇA DA PORTA [Alberto de Oliveira]<br />

Era um hábito antigo que ele tinha:<br />

Entrar dando com a porta nos batentes.<br />

-- "Que te fez esta porta?" a mulher vinha<br />

E interrogava... Ele, cerrando os dentes:<br />

-- "Nada! Traze o jantar." -- Mas à noitinha<br />

Calmava-se; feliz, os inocentes<br />

Olhos revê da filha e a cabecinha<br />

Lhe afaga, a rir, com as rudes mãos trementes.<br />

Uma vez, ao tornar à casa, quando<br />

Erguia a aldraba, o coração lhe fala:<br />

-- "Entra mais devagar..." Pára, hesitando...<br />

294

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!