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o soneto brasileiro

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Eu vi a linda Estela, e namorado<br />

Fiz logo eterno voto de querê-la;<br />

Mas vi depois a Nize, e é tão bela,<br />

Que merece igualmente o meu cuidado.<br />

A qual escolherei, se neste estado<br />

Não posso distinguir Nize de Estela?<br />

Se Nize vir aqui, morro por ela;<br />

Se Estela agora vir, fico abrasado.<br />

Mas, ah! que aquela me despreza amante,<br />

Pois sabe que estou preso em outros braços,<br />

E esta não me quer por inconstante.<br />

Vem, Cupido, soltar-me destes laços,<br />

Ou faz de dois semblantes um semblante,<br />

Ou divide o meu peito em dois pedaços!<br />

[8.5] JOSÉ MARIA DO AMARAL (1813-1885)<br />

DESENGANO<br />

Uma por uma, da existência as flores,<br />

Se a existência que temos é florida,<br />

Uma por uma, no correr da vida,<br />

Fanadas vi sem viço e vi sem cores.<br />

Sonhos mundanos, sois enganadores,<br />

Alma que vos sonhou, geme iludida;<br />

Existência, de flores tão despida,<br />

Que te fica senão tristeza e dores?<br />

Do mundo as ilusões perdi funestas,<br />

Ao noitejar da idade, em amargura,<br />

Esperança cristã, só tu me restas!<br />

Fujo contigo desta vida impura,<br />

Nas crenças que tão mística me emprestas,<br />

Transponho antes da morte a sepultura.<br />

[8.6] FRANCISCO OTAVIANO (1825-1889)<br />

MORRER... DORMIR...<br />

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