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o soneto brasileiro

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[4] O SONETO EM PORTUGAL<br />

[4.1] Entre os povos novi-latinos, foi o <strong>soneto</strong> introduzido por Mellin<br />

de Saint-Gelais (1491-1558), na França, por Iñigo López de Mendoza,<br />

Marquês de Santillana (1398-1458), na Espanha, e por Francisco de Sá de<br />

Miranda (1495-1558), em Portugal, onde tem brilhante história. Esplendeu<br />

com alto relevo nas líricas de Camões e Bocage, poetas máximos,<br />

respectivamente, dos séculos XVI e XVIII, e atingiu o maior grau na<br />

profundeza de pensamento em Antero de Quental, no século XIX.<br />

[4.2] Na última fase do período pré-clássico da literatura portuguêsa,<br />

que fecha o ciclo dos cancioneiros medievais, dominava a poesia árida e<br />

fria, característica dos poetas chamados "palacianos", na qual sobrava<br />

artifício e faltava originalidade; toda ela mostrava-se claudicante na<br />

língua, na metrificação imperfeita e na retórica insulsa e convencional,<br />

em que quase não havia substância poética propriamente dita.<br />

[4.3] O predomínio do espírito do Renascimento, que se iniciou no<br />

primeiro quartel do século XVI, é assinalado, na poesia lusitana, pela<br />

presença de Gil Vicente, Bernardim Ribeiro, Sá de Miranda, Luís de<br />

Camões, Cristóvão Falcão, Antônio Ferreira, Pedro de Andrade Caminha,<br />

Diogo Bernardes e Frei Agostinho da Cruz.<br />

[4.4] Essa renovação artística, emanada da Itália, onde imperava a nova<br />

poesia de Dante e Petrarca, sobretudo a deste último, data do regresso<br />

de Sá de Miranda a Portugal, em 1526, após seis anos de permanência<br />

naquele país, onde assistira aos albores da nova era que se abria para o<br />

espírito humano.<br />

[4.5] De lá trouxe Sá de Miranda a técnica do <strong>soneto</strong>. Sobre a introdução<br />

deste em Portugal, escreve Fidelino de Figueiredo, firmado na opinião de<br />

D. Carolina Michaëles de Vasconcelos: "Posta completamente de parte a<br />

hipótese de haver sido o <strong>soneto</strong> cultivado antes de Sá de Miranda, a este<br />

cabe a glória de ter feito o seu primeiro ensaio com as vinte e nove<br />

peças desse gênero, que andam nas suas obras. Não foi da antiguidade que<br />

Sá de Miranda tomou esta sua inovação, porque a antiguidade o<br />

desconheceu; o <strong>soneto</strong> é um gênero poético moderno."<br />

[4.6] "O seu nome proveio da lírica provençal, mas nela com o<br />

significado genérico de qualquer peça poética acompanhada de música. Com<br />

a estrutura, com que hoje o conhecemos, tornada inalterável pela<br />

consagração dos séculos, foi a Sicília, no século XIII, que o produziu e

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