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o soneto brasileiro

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Escuto ainda a voz dos campanários<br />

Entre aromas de rosas e açucenas,<br />

Vozes de sinos pelos santuários,<br />

Enchendo as grandes vastidões serenas...<br />

E seguindo outros seres solitários,<br />

Retomo velhos quadros, velhas cenas,<br />

Rezando as orações dos Septenários,<br />

Dos Ofícios, dos Terços, das Novenas...<br />

A morte que nos salva não nos priva<br />

De ir ao pé de um sacrário abandonado,<br />

Chorar, como inda faz a alma cativa!<br />

Ó sinos dolorosos e plangentes,<br />

Cantai, como cantáveis no passado,<br />

Dizendo a mesma Fé que salva os crentes!...<br />

[8.32] FRANÇA PEREIRA (1870-1925)<br />

NO HARÉM<br />

Como um broche de púrpura e de opala,<br />

O sol fuzila na Sublime Porta,<br />

E, à luz do dia, múrmura, trescala,<br />

No alto, o perfume da Bizâncio morta.<br />

Cem odaliscas, que o sultão transporta<br />

Da Circássia, do Egito e de Bengala,<br />

Entram nuas no banho, à vista absorta<br />

De cem núbios que, em armas, fazem ala.<br />

Pompeia o harém na lúbrica loucura<br />

Dos torsos nus, dos colos e das ancas<br />

Hirtas, na febre das lascivas mágoas.<br />

Somente Djáli, a indiana altiva e pura,<br />

Salta, velando as rijas pomas brancas,<br />

No âmbar gelado das cheirosas águas.<br />

[8.33] JÚLIO SALUSSE (1872-1948)<br />

CISNES<br />

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