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o soneto brasileiro

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dos quais já o Infante D. Pedro, irmão de el-rei D. Duarte, havia feito<br />

um tal qual tentame". (4)<br />

[4.11] Posta de lado a hipótese suscitada por Dias Gomes e Sotero dos<br />

Reis, por colidir com a informação de Fidelino de Figueiredo, com base<br />

em D. Carolina Michaëlis de Vasconcelos, volvamos ao sonetista Sá de<br />

Miranda.<br />

[4.12] Esse velho poeta, consoante a observação do citado Fidelino de<br />

Figueiredo, não cultivou o <strong>soneto</strong> amoroso, o <strong>soneto</strong> à maneira de<br />

Petrarca, calcado na filosofia platônica, corrente no tempo, acrescendo<br />

que quase sempre a execução, na fatura dos seus poemas desse gênero, é<br />

defeituosa e inestética. Além disso, os seus <strong>soneto</strong>s são triviais e<br />

antipáticos à índole do <strong>soneto</strong> clássico.<br />

[4.13] Leiamos um deles, ao menos como homenagem ao introdutor desse<br />

poema em Portugal:<br />

[original de Sá de Miranda]<br />

O sol é grande, caem com a calma as aves<br />

Do tempo em tal sazão que sói ser fria:<br />

Esta água que do alto cai acordar-me-ia,<br />

Do sono não, mas de cuidados graves.<br />

Ó coisas todas vãs, todas mudaves,<br />

Qual é o coração que em vós confia?<br />

Passando um dia vai, passa outro dia<br />

Incertos todos mais que ao vento as naves.<br />

Eu vi já por aqui sombras e flores,<br />

Vi águas e vi fontes, vi verdura,<br />

As aves vi cantar todas de amores.<br />

Mudo e seco é já tudo, e de mistura,<br />

Também fazendo-me eu fui de outras cores,<br />

E tudo o mais renova, isto é sem cura.<br />

[4.14] São considerados discípulos de Sá de Miranda os sonetistas<br />

Antônio Ferreira, Pedro de Andrade Caminha, Diogo Bernardes, Frei<br />

Agostinho da Cruz, D. Manuel de Portugal e André Falcão de Resende.<br />

[4.15] Dentre estes sobressaem Antônio Ferreira e Diogo Bernardes, pelo<br />

cunho petrarquiano que souberam imprimir aos seus <strong>soneto</strong>s, não obstante<br />

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