13.12.2012 Views

o soneto brasileiro

o soneto brasileiro

o soneto brasileiro

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

De ninhos, sob o céu de espuma e anil,<br />

E foi grito de horror, na ave ferida,<br />

E, na canção de amor, sonho febril!<br />

Foi desespero, sofrimento mudo,<br />

Ódio, esperança que tortura e inferna;<br />

E, depois de exsurgir, triste, de tudo,<br />

Veio para chorar dentro em meu ser,<br />

A amarga maldição de ser eterna,<br />

E a dor de renascer, quando eu morrer!<br />

[8.55] RAUL DE LEONI (1895-1926)<br />

DESCONFIANDO<br />

Tu pensas como eu penso, vês se eu vejo,<br />

Atento tu me escutas quando falo;<br />

Bem antes que te exponha o meu desejo<br />

Já pronto estás correndo a executá-lo.<br />

Achas em tudo um venturoso ensejo<br />

De servir-me de servo e de vassalo;<br />

Perdoa-me a verdade num gracejo.<br />

Serias, se eu quisesse, o meu cavalo...<br />

Mas não penses que estólido eu te creia<br />

Como um Patroclo abnegado, não:<br />

De todos os excessos se receia...<br />

O certo é que, em rancor, por dentro estalas;<br />

Odeias-me, que eu sei, mas, histrião,<br />

Beijas-me as mãos por não poder cortá-las...<br />

[8.55.1] O <strong>soneto</strong> acima foi por mim glosado como segue:<br />

SONETO MANCOMUNADO [Glauco Mattoso]<br />

Te beijo as mãos por não poder cortá-las<br />

e os pés por não poder pisar-te a face.<br />

Odeio-te, mas brinco que te amasse<br />

a ponto de inalar o odor que exalas.<br />

179

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!