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o soneto brasileiro

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DO ÚLTIMO DIA [Alberto de Oliveira, psicografado por Chico Xavier]<br />

O homem, no último dia, abatido em seu horto,<br />

Sente o extremo pavor que a morte lhe revela;<br />

Seu coração é um mar que se apruma e encapela,<br />

No pungente estertor do peito quase morto.<br />

Tudo o que era vaidade, agora é desconforto.<br />

Toda a nau da ilusão se destroça e esfacela<br />

Sob as ondas fatais da indômita procela,<br />

Do pobre coração, que é náufrago sem porto.<br />

Somente o que venceu nesse mundo mesquinho,<br />

Conservando Jesus por verdade e caminho,<br />

Rompe a treva do abismo enganoso e perverso!<br />

Onde vais, homem vão? Cala em ti todo alarde,<br />

Foge dessa tormenta antes que seja tarde:<br />

Só Jesus tem nas mãos o farol do Universo.<br />

[8.19] RAIMUNDO CORREIA (1860-1911)<br />

FETICHISMO<br />

Homem, da vida as sombras inclementes<br />

Interrogas em vão: - Que céus habita<br />

Deus? Onde essa região de luz bendita,<br />

Paraíso dos justos e dos crentes?...<br />

Em vão tateiam tuas mãos trementes<br />

As entranhas da noite erma, infinita,<br />

Onde a dúvida atroz blasfema e grita,<br />

E onde há só queixas e ranger de dentes...<br />

A essa abóbada escura, em vão elevas<br />

Os braços para o Deus sonhado, e lutas<br />

Por abarcá-lo; é tudo em torno trevas...<br />

Somente o vácuo estreitas em teus braços;<br />

E apenas, pávido, um ruído escutas,<br />

Que é o ruído dos teus próprios passos!...<br />

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