13.12.2012 Views

o soneto brasileiro

o soneto brasileiro

o soneto brasileiro

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Sai a deusa: o sol ri, e das colinas<br />

Rola-lhe aos pés a luz, como um tapete<br />

Quando ela esgarça na ponta das botinas...<br />

UM DEUS DE RASTO [Luís Delfino]<br />

Foras minha sultana favorita,<br />

Mas em ti só eu tendo o meu serralho<br />

Sendo de todas sempre a mais bonita,<br />

Não me deras na escolha algum trabalho.<br />

Em teu cálix de neve o branco orvalho<br />

Bebera, ó lírio, que esta terra habita:<br />

Vales os sóis da abóbada infinita,<br />

E o pó, que pisas, para ti não valho...<br />

Fosse eu um Lear, rei inda que louco,<br />

Vulcano, um deus inda que coxo, a troco<br />

Do que tenho a viver; -- rei, deus, sim! eu<br />

De rasto, humilde, curvo, ao chão bem rente,<br />

Tu me negaras desdenhosamente<br />

O lamber-te um dos pés, como um lebreu...<br />

A SULTANA [Luís Delfino]<br />

Foi festa, e grande, em toda a Cachemira<br />

Quando chegou, montada no elefante...<br />

Viu-se em leve sandália de safira<br />

O seu pé de uma alvura deslumbrante;<br />

Colhendo as sedas, sua mão ferira<br />

Com luz nevada a multidão, diante<br />

Da qual o rosto apenas descobrira<br />

Na sombra do riquíssimo turbante;<br />

Mas quando viram seus nevados seios,<br />

Brancos, riscados de azulados veios,<br />

C'roados de uma auréola de cabelos,<br />

-- Tênues fios de estrela que irradia...<br />

Para não ofendê-la à luz do dia<br />

Fugiram dela ao trote de camelos.<br />

292

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!