13.12.2012 Views

o soneto brasileiro

o soneto brasileiro

o soneto brasileiro

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

expatriando-se, em 1810, foi ter a Londres, onde aderiu à igreja<br />

anglicana, que abjurou também, em documento público, datado de 1835.<br />

Desde então - diz Carlos de Laet - procurou o poeta aproximar-se dos<br />

"mais atrevidos exegetas alemães" e do filósofo inglês Stuart Mill, com<br />

os quais manteve amistosa correspondência.<br />

[6.5.3] De D. José Maria Blanco ficou-nos somente o célebre <strong>soneto</strong>, que<br />

sobreviveu às suas polêmicas, no campo religioso, e a tudo mais que<br />

deixou, no terreno das letras.<br />

[6.5.4] Desse <strong>soneto</strong> diz Menéndez y Pelayo: "Singular poder o da arte!<br />

Somente esta flor poética cresce, qual uma sempre-viva, sobre o infamado<br />

sepulcro de Blanco. Quando se acabe de extinguir o último eco de suas<br />

polêmicas e escandalosa vida, a Musa do canto lhe conservará a memória<br />

vinculada a catorze versos de melancólica harmonia, que de Liverpool a<br />

Boston e de Boston à Austrália vivem na memória da poderosa raça<br />

anglo-saxônia, que os tem transmitido a todas as línguas vivas, e até<br />

lhes quis dar a perenidade que comunica uma língua morta". (4)<br />

[6.5.5] Carlos de Laet, no seu mal intitulado livro "Em Minas" (1894),<br />

em que reeditou artigos anteriormente publicados no "Jornal do<br />

Comércio", do Rio de Janeiro, foi o primeiro escritor <strong>brasileiro</strong> que<br />

houve por bem dar-nos notícia do notável <strong>soneto</strong> de D. José Maria Blanco.<br />

Com o seu pertinaz apego à ingênua e superficial religiosidade, de que<br />

nunca conseguiu emancipar-se, limitou-se a comentar a vida do poeta<br />

castelhano do ponto de vista da sua heterodoxia, que, como a D.<br />

Marcelino Menéndez y Pelayo, outro devoto retardatário, se lhe afigurou<br />

crime de lesa-majestade, sobretudo com os agravantes do desamor de<br />

Blanco White à pátria e ao catolicismo e do fato de haver violado a<br />

interdição eclesiástica do celibato...<br />

[6.5.6] Em todo caso, deu Laet à estampa, no citado livro, o original<br />

inglês do <strong>soneto</strong> de Blanco, certamente seduzido pelas duas interrogações<br />

finais do poema, e concitou os poetas <strong>brasileiro</strong>s do tempo, inclusive<br />

Raimundo Correia, a passá-lo a versos portugueses.<br />

[6.5.7] Leia-se o <strong>soneto</strong>, cuja concepção é realmente alto vôo do<br />

espírito poético do autor, diante da imensidade noturna do espaço<br />

sideral; segue-se a versão, em prosa, da pena do citado escritor<br />

<strong>brasileiro</strong>:<br />

NIGHT AND DEATH [Blanco White]<br />

Mysterious Night! When our first parent knew<br />

Thee, from report divine, and heard thy name,<br />

123

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!