13.12.2012 Views

o soneto brasileiro

o soneto brasileiro

o soneto brasileiro

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

[8.14] TEÓFILO DIAS (1854-1889)<br />

SAUDADE<br />

A saudade da amada criatura<br />

Nutre-nos n'alma dolorido gozo,<br />

Uma inefável, íntima tortura,<br />

Um sentimento acerbo e volutuoso.<br />

Aquele amor cruel e carinhoso<br />

Na memória indelével nos perdura,<br />

Como acre aroma absorto na textura<br />

De um cofre oriental, fino e poroso.<br />

Entranha-se, invetera-se, - de jeito<br />

Que do tempo ao volver, lento e nocivo,<br />

Resiste: - e ainda mil pedaços feito<br />

O lígneo cárcer que o retém cativo,<br />

Cada parcela reproduz perfeito<br />

O mesmo aroma, inalterável, vivo.<br />

[8.15] ARTHUR AZEVEDO (1855-1908)<br />

AS ESTÁTUAS<br />

No dia em que na terra te sumiram,<br />

Eu fui ver-te defunta sobre a essa...<br />

Fechados para sempre, oh! sorte avessa!<br />

Aqueles olhos que me seduziram.<br />

À luz do sol uma janela abriram,<br />

E o jardim avistei onde, ó condessa,<br />

Uma noite perdemos a cabeça,<br />

E as estátuas de mármore sorriram.<br />

Saíste por aquela mesma porta<br />

Onde outrora teus beijos me esperavam,<br />

Cheios do amor que ainda me conforta.<br />

Quando o jardim saudoso atravessavam<br />

Seis homens com o esquife em que ias morta,<br />

As estátuas de mármore choravam.<br />

147

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!