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o soneto brasileiro

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A pena não acode ao gesto seu.<br />

E, em vão lutando contra o metro adverso,<br />

Só lhe saiu este pequeno verso:<br />

"Mudaria o Natal ou mudei eu?"<br />

FLOR INCÓGNITA [Celso Pinheiro]<br />

Por essas tardes doces de novenas,<br />

Tive um sonho de todo imaginário:<br />

Fazer das minhas rimas um rosário<br />

Para ofertar-te, irmã das açucenas!<br />

Tu, que és a inveja viva das morenas<br />

E a pérola gentil do meu rimário<br />

Guardá-lo-ias, como um relicário,<br />

No teu seio de arminhos e de penas...<br />

E se fosses ao templo, como agora,<br />

Às tuas orações de tanto enlevo,<br />

Bendiria este amor Nossa Senhora...<br />

Meu Deus, como seríamos felizes!<br />

Tu rezando os Sonetos que te escrevo,<br />

Eu rezando as palavras que me dizes.<br />

O PEQUENO JORNAL [Nóbrega de Siqueira]<br />

Sempre que abro e releio o livro do passado,<br />

Aos meus olhos avulta um pequeno jornal,<br />

Modesto e sem clichês, feio e mal paginado,<br />

-- Folha do interior, simples, dominical...<br />

Nunca teve, por certo, um número esgotado.<br />

(Liam-no tão somente os filhos do local)<br />

Tratava de "excelência" o juiz e o delegado<br />

E abria com um <strong>soneto</strong> a "Crônica Social".<br />

Apesar de modesto, é com enorme saudade<br />

Que dele me recordo e também da cidade<br />

Pequenina e longínqua onde, há tempos, nasceu...<br />

Ruas sem movimento... A escola... Uma igrejinha...<br />

A farmácia da esquina... A cidade era a minha.<br />

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