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o soneto brasileiro

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continuou a perdurar em nossa poesia.<br />

[5.27] Os primeiros vagidos do parnasianismo <strong>brasileiro</strong> acham-se<br />

referidos, nos compêndios de história da literatura nacional, ao<br />

aparecimento dos "Sonetos e Rimas" (1880), de Luís Guimarães, poeta e<br />

diplomata, nascido no Rio de Janeiro.<br />

[5.28] Luís Guimarães (1847-1898) é tido como um dos mestres do <strong>soneto</strong><br />

<strong>brasileiro</strong>. Posto haver conquistado a admiração e o apreço de Fialho<br />

d'Almeida ("Figuras de Destaque"), como representante da nova escola,<br />

deixou-nos o ilustre poeta, aqui e ali, nos seus <strong>soneto</strong>s, certas<br />

reminiscências românticas. Há nele, entanto, aliado à graça e melodia<br />

das estrofes, além de certo laivo de ternura discreta, notado por Ronald<br />

de Carvalho, um acento nostálgico, de fina tristeza, que dá realce e<br />

encanto aos seus <strong>soneto</strong>s. Adquiriu grande voga no Brasil o intitulado<br />

"Visita à Casa Paterna", na composição do qual conseguiu superar o<br />

modelo, que teria encontrado num <strong>soneto</strong> do seu compatriota José<br />

Bonifácio, o moço.<br />

[5.29] Não menor popularidade granjeou entre nós o poema de Machado de<br />

Assis intitulado "Círculo Vicioso". "Sob o ponto de vista literário -<br />

escreveu o citado Ronald de Carvalho - este <strong>soneto</strong> é por demais<br />

conhecido para que lhe acentuemos o valor. No que respeita propriamente<br />

aos recursos da técnica, vale apontar a sua originalidade. Machado<br />

rompeu, ali, com todos os preconceitos do <strong>soneto</strong> ortodoxo, do<br />

<strong>soneto</strong>-paradigma que as famosas regras de Boileau fixaram. Em primeiro<br />

lugar, uniu todas as estrofes por sábios 'enjambements', que, muito<br />

longe de prejudicar a linha do poema, deram-lhe movimento e graça,<br />

fazendo com que o espírito girasse em torno do 'Círculo Vicioso'. Deu<br />

liberdade aos ritmos, combinando-os admiravelmente, e tirando dos<br />

alexandrinos o artifício dos hemistíquios e das cesuras forçadas.<br />

Repetiu os dois grupos de rimas até o último verso, sem resvalar na<br />

monotonia". (8)<br />

[5.30] Machado de Assis (1839-1908) deixou-nos catorze <strong>soneto</strong>s incluídos<br />

nas "Ocidentais", dos quais quatro constituem uma série, dedicada a Luís<br />

de Camões; posteriormente compôs o que denominou "A Carolina", belo e<br />

comovente poema, que obteve voga não menor do que a do "Círculo<br />

Vicioso".<br />

[5.31] Cabe, neste lugar, justa referência a Luís Delfino (1834-1910),<br />

poeta romântico, como Machado de Assis, e como este depois alistado<br />

entre os parnasianos, no consenso dos seus críticos. Produziu número<br />

incalculável de <strong>soneto</strong>s, hoje editados em cerca de uma dezena de livros.<br />

Há alguma coisa de estranho ou insólito em muitos dos seus poemas deste<br />

gênero, cujos contornos, por demasiado amplos, se esbatem, não raro, no<br />

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