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o soneto brasileiro

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O doce Pôr-do-Sol, que era doido por ela,<br />

Que a perseguia sempre, em palácio e na rua,<br />

Vede-o, coitado! mal pode suster a vela...<br />

Como damas de honor, Ninfas seguem-lhe os rastros,<br />

E, assomando no Céu, sua Madrinha, a Lua,<br />

Por ela vai desfiando as suas contas, Astros!<br />

[4.68] Ao lado de Antônio Nobre encontra lugar adequado Eugênio de<br />

Castro (1869-1944), que compôs <strong>soneto</strong>s de real beleza, sobretudo quando<br />

explorou o filão dos temas subjetivos, de que é frisante exemplo o<br />

seguinte, VIII poema dos "Oaristos", seu livro de estréia poética:<br />

OARISTOS (VIII) [Eugênio de Castro]<br />

Tua frieza aumenta o meu desejo:<br />

Fecho os meus olhos para te esquecer,<br />

Mas quanto mais procuro não te ver,<br />

Quanto mais fecho os olhos mais te vejo.<br />

Humildemente, atrás de ti rastejo,<br />

Humildemente, sem te convencer<br />

Antes sentindo para mim crescer<br />

Dos teus desdéns o frígido cortejo.<br />

Sei que jamais hei de possuir-te, sei<br />

Que "outro", feliz, ditoso como um rei,<br />

Enlaçará teu virgem corpo em flor.<br />

Meu coração no entanto não se cansa:<br />

Amam metade os que amam com esp'rança,<br />

Amar sem esp'rança é o verdadeiro amor.<br />

[4.69] Luzida figura fará sempre ao pé de Antônio Nobre e Eugênio de<br />

Castro, como arquiteto do <strong>soneto</strong> lusitano, Afonso Lopes Vieira<br />

(1878-1946), de quem aqui transcrevemos o poema intitulado "Linda Inês":<br />

LINDA INÊS [Afonso Lopes Vieira]<br />

Choram ainda a tua morte escura<br />

Aquelas que chorando a memoraram;<br />

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