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o soneto brasileiro

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Estirpe das escórias planetárias,<br />

Segregadas num mundo amargo e infame.<br />

Árvore genealógica de párias,<br />

Faz-se mister que o cárcere a conclame,<br />

Para a reparação e para o exame<br />

Dos seus crimes nas quedas milenárias.<br />

Foi essa raça podre de miséria<br />

Que fez nascer na carne deletéria<br />

A esperança nos Céus inesquecidos;<br />

Glorificando o Instinto e a Inteligência,<br />

Fez da Terra o brilhante gral da Ciência,<br />

Mas um mundo de deuses decaídos.<br />

ESPÍRITO [Augusto dos Anjos, psicografado por Chico Xavier]<br />

Busca a Ciência o Ser pelos ossuários,<br />

No órgão morto, impassível, atro e mudo;<br />

No labor anatômico, no estudo<br />

Do germe, em seus impulsos embrionários;<br />

Mas só encontra os vermes-funcionários<br />

No seu trabalho infame, horrendo e rudo,<br />

De consumir as podridões de tudo,<br />

Nos seus medonhos ágapes mortuários.<br />

No meio triste de cadaverinas<br />

Acha-se apenas ruína sobre ruínas,<br />

Como o bolor e o mofo sob as heras;<br />

A alma que é Vibração, Vida e Essência,<br />

Está nas luzes da sobrevivência,<br />

No transcendentalismo das esferas.<br />

CONFISSÃO [Augusto dos Anjos, psicografado por Chico Xavier]<br />

Também eu, mísero espectro das dores<br />

No escafandro das células cativas,<br />

Não encontrei a luz das forças vivas,<br />

Apesar de ingentíssimos labores.<br />

Bem distante das causas positivas,<br />

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